Artigos > Eventos literários > Outros eventos > PONTO A PONTO, UM CONTO

PONTO A PONTO, UM CONTO

Publicado por Luso-Poemas em 10-Mar-2025 19:40 (41 leituras)

PONTO A PONTO, UM CONTO

Open in new window


No âmbito das comemorações do 19º aniversário do LP, damos continuidade às atividades com uma nova experiência coletiva, onde cada fio da narrativa será tecido a muitas mãos. De 7 de março a 1 de junho, convidamos todos a embarcar na construção de um conto compartilhado, um mosaico de palavras que se entrelaçam no ritmo de cada participante.
A proposta é simples, mas o resultado promete surpreender: cada autor acrescenta um trecho à história, respeitando o fluxo da narrativa e a continuidade do que já foi escrito. Para que o fio condutor se mantenha vivo, é preciso aguardar que outro luso-poeta participe antes de voltar a contribuir.
Ao escrever, basta copiar os trechos anteriores e adicionar seu “ponto” à trama, assinando-o ao final. Assim, pouco a pouco, ponto a ponto, um conto nascerá, moldado pela diversidade de vozes, estilos e imaginação que fazem deste espaço um verdadeiro lar para as palavras.
Esperamos por vocês nessa jornada literária, onde cada linha escrita é um convite para a próxima, e a criatividade se torna um elo invisível entre quem escreve e quem lê.


Navegue pelos artigos
Artigo anterior 19 anos de Luso-Poemas!
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Luso-Poemas
Publicado: 10/03/2025 19:50  Atualizado: 10/03/2025 19:50
Administrador
Usuário desde: 25/01/2006
Localidade:
Mensagens: 292
 PONTO A PONTO, UM CONTO - cap. I
Capítulo I

Quem passava pela ruela estreita de calçamento de pedras pé de moleque, comuns nas cidadezinhas interioranas brasileiras, reparava numa única janela da casa estilo colonial de cinco pequenos cômodos, entreaberta, quase uma fresta, abertura regulada apenas por uma correntezinha presa às duas bandas de madeira carcomida pelo tempo. Ainda assim, se conseguia captar um mínimo de ar, claridade, e a gente; a intimidade daquele eremita citadino contemporâneo. Cotovelos sobre a mesa, uma das mãos apoiando a cabeça e a outra como se também pensativa, burilando a pena sobre o papel almaço contendo já algumas anotações, versos ou pensamentos soltos para talvez se juntar as tantas outras amassadas em bolotas quais jaziam espalhadas pelo chão, pois foram jogadas a esmo em direção à lixeirinha de canto da escrivaninha e errado dado o estágio adiantado duma miopia já que ele recusava o uso dos óculos. Avistava-se, nas duas parede laterais, prateleiras apinhadas até o alto teto ripado com livros e rolete de papéis de mau aspeto, sujos ou amarelados, bolorentos, empoeirados e com sinais visíveis de terem sido recentemente atacados por traças e cupins, contrastando com a saleta de leitura lúgubre que também servia de ambiente para as pequenas refeições quando assim as fizesse, desleixado contumaz.

Links patrocinados