Luso-Poemas - Fala-nos um pouco de ti. Quem és, de onde vens e para onde vais.
AlmaMater - Sou alguém igual a tantos outros, que definiu objetivos pessoais e profissionais os quais foi atingindo gradualmente, à medida que o tempo lho permitia.
Tirei o curso que sempre quis, exerço a profissão que não trocaria por nenhuma outra. A partir de uma certa altura percebi que os meus objetivos teriam de dar lugar às prioridades e tenho conseguido deixar-me ir, sem precipitações, ajustando a vontade do que gostaria de fazer ainda à prioridade que é o meu garoto. Quero com isto dizer que, depois da licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, ainda não desisti da ideia de fazer o mestrado em Estudos Pessoanos e quem sabe, talvez agarrar qualquer oportunidade que surja na minha profissão.
Sou filha de Lisboa por afinidade, convicção e coração e, apesar de não viver lá atualmente, preciso daquele ar poluído e barulhento de vez em quando. Cresci “ali” para os lados de S. Bento e Príncipe Real, rodeada de movimentações e agitação política o que, não parecendo ter importância nenhuma, marcou uma infância pós-25 de Abril. O destino, O para onde vou? Penso-o cada dia, prestando atenção ao que a vida me oferece ou atira, fluindo mas de olho aberto.
L.P. - Como e quando a poesia surgiu na tua vida?
AlmaMater - Com o devido respeito, não é justo chamar poesia aos meus escritos quando penso nos poetas genuínos que escrevem no Luso, obedecendo a regras, com uma riqueza de vocabulário extraordinária… chamo-lhe Sentir. Penso que esta vontade de escrever começou com o meu contacto ainda jovem, 15, 16 anos, com a realidade lisboeta nos seus imensos quadros vivos que podiam ser o de uma sombra sentada na soleira de uma porta em plena Baixa, à chuva, esquecida no meio da confusão das compras do Natal, estendendo a mão ou de um episódio terno entre namorados ou entre desconhecidos como o de alguém que ajuda outra pessoa a apanhar algo que lhe caiu. Ainda hoje é assim, uma frase, uma música, um pensamento ou um juízo, uma imagem e as palavras brotam, umas vezes melhor outras pior… rs. Acontece-me frequentemente escrever um texto, procurar uma imagem para esse texto, encontrar uma outra qualquer no caminho e sentir nascer outro texto.
L.P. - O que significa para ti "ser poeta"?
AlmaMater - Escrever é Sentir em palavras depois de Sentir nos sentidos, com a visão e com a audição, sobretudo…
Acrescentaria, escrever é uma necessidade. Desde que me lembro, sempre existiu esta forma silenciosa de falar sobre o que me tocava, ou toca, sensibiliza ou revolta. Mesmo os textos que alguns julgam ser dedicados a alguém, uns sim mas não tanto, nascem de algo que não é pessoal/biográfico mas que associo a mim e a quem conheço… e jogo com as ideias como com as palavras… mesmo para mim é estranho, às vezes, não tanto o produto mas o processo.
L.P. - Qual é o poema que mais te orgulhas de ter escrito?
AlmaMater - Há textos que releio e não altero, outros que mudo, na forma e no conteúdo. Orgulho? Não sei, nunca pensei “nisso” desse modo.
L.P. - Qual é o poema que gostarias de ter escrito?
AlmaMater - Prefiro admirar a obra e o seu criador, tudo no seu tempo, no seu lugar, nas devidas mãos.
L.P. - Tens algum livro publicado ou gostarias de ter?
AlmaMater - Não tenho nada publicado. Há uns dois anos houve alguém que se propôs fazê-lo, uma daquelas produções particulares, de venda direta… selecionei textos, enviei-os, um colaborador começou a criar os desenhos para os textos mas desisti. Começou a ouvir-se a palavra crise, vieram os receios e a ideia ficou pelo caminho.
L.P. - Como encontraste o Luso-Poemas?
AlmaMater - Já não sei bem. Sempre tive blogues no B…, não sei se foi por aí, alguém que me tenha comentado ou se através da seleção de alguma imagem.
L.P. - O que é que gostas mais no Luso-Poemas?
AlmaMater - Apesar de alguns ventitos norte, gosto da paz e da tranquilidade existente entre os colaboradores.
L.P. - O que é que gostas menos no Luso-Poemas?
AlmaMater - Desses tais ventitos… rs. Há espaço e tempo para todos e há azedumes que não merecem o tempo gasto.
L.P. - Se pudesses mudar algo no Luso-Poemas, o que seria?
AlmaMater - Talvez mais a nível técnico, por causa do tamanho das imagens, alguns vídeos, mas não é muito importante…
L.P. - Resume o Luso-Poemas numa só frase.
AlmaMater - Para mim é uma espécie de segunda casa criativa uma vez que não tenho mais nada a não ser os blogues no B…, e sim, é verdade, não tenho nem mesmo Facebook, nem nunca terei… rs
L.P. - Quais são os teus passatempos preferidos, além da escrita?
AlmaMater - A leitura por obrigação de profissão, menos por razões lúdicas e quando estou cansada de papéis – testes, aulas, pesquisas sou capaz de estar 5, 6 horas na cozinha… relaxa-me.
L.P. - Qual é o teu livro, música e filme preferido?
AlmaMater - Nunca aceitei muito bem essa ideia de “coisas” preferidas … o mesmo será dizer que tenho muitos por muitas razões, merecedores de atenção em momentos diferentes…
L.P. - Qual é a tua bebida e comida preferida?
AlmaMater - Água, frango assado verdadeiro, aos pedaços e no carvão como a minha mãe fazia, temperado com alho, louro e vinho branco, de um dia para o outro - e torradas com manteiga.
L.P. - Se tivesses 30 segundos para deixar uma mensagem ao mundo, o que dirias?
AlmaMater - Ui! Diria que olhassem à volta, pegassem numa ponta do cenário e começassem a mudar tudo. Não temos mais nada.
L.P. - Se pudesses escolher um lugar ou tempo para viver, qual seria?
AlmaMater - Um país onde não tivesse de proferir uns quantos impropérios quando ouço falar de governo e de políticos… sabe se existe?
L.P. - Quem gostarias de ter conhecido e porquê?
AlmaMater - À luz do que dele sei, gostaria de ter conhecido Fernando Pessoa para tentar perceber um pouco mais de toda aquela complexidade. Fascina-me.
L.P. - O que dizem os teus olhos?
AlmaMater - Dizem-me que eles mostram a minha Alma. Não sei.
L.P. - Para terminar, queres deixar uma mensagem aos Luso-Poetas, talvez em verso?
AlmaMater - Uma das minhas grandes limitações é não saber versejar.
Por isso, acredito que as palavras podem ser utilizadas para mostrar o que de melhor temos em temos em nós e é nesse sentido que todos temos uma responsabilidade, a de sermos melhores para melhorar.
Sorriso com Alma dentro.