Sabemos e sentimos que a Poesia é bem mais do que uma linguagem: energia-cósmica que impele a procura de nós, trilho do Graal, mística, amor, paixão, algo sagrado. No poema, as palavras não são palavras, são “outra coisa” que tem a força e o sentido de uma oração a todos os deuses. Fruir estes poemas-oração, é como descansar serenamente - e por magia - sobre as águas do Mar num dia calmo e ao crepúsculo (...)».
«(...) Oscar Wilde escreveu duas frases que, na minha idiossincrasia, traduzem bem a necessidade e a importância espiritual de uma “outra vida” (ou dimensão desta) talvez mais autêntica e real que aquela a que estamos habituados e à qual estamos presos julgando – por vezes – ser a única: «a literatura antecede sempre a vida»; «o máximo na literatura é a realização daquilo que não existe». Podemos ser e ter tudo em Literatura, sobretudo aquilo que julgávamos não existir. “O que (ainda) não existe” – para aqueles que perderam a capacidade de sonhar, de imaginar - é a outra dimensão da Vida; quando narramos aos outros e a nós mesmos, os nossos desejos, utopias, sonhos, impossibilidades e vontades radicais, estamos a criar, como deuses, – no Olimpo da Literatura - aquilo que “não existia”. Também Fernando Pessoa(s) assumia, em termos de Vida-vivida, com mais autenticidade e sentido(s), pelo fingimento e com as máscaras (uma outra forma de imaginar e criar mundos), o primado da Vida-Literatura: a literatura como toda a arte, é uma confissão de que a vida não basta”».
ângelo rodrigues