
Vida e Obra
Publicado em 20/05/2008 15:20:00 | Tópico: António Ramos Rosa
| Poeta e ensaísta português, nasceu em 17 de outubro de 1924 em Faro.
Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, Ramos Rosa tomou o rumo para Lisboa, depois de ter passado a juventude em Faro. Na capital, vivendo intensamente a vitória dos Aliados, trabalhou no comércio, actividade que logo abandonou para se dedicar à poesia.
Nos anos cinquenta, um dos directores das revistas Árvore, Cassiopeia e Cadernos do Meio-Dia. Colaborou ainda com textos de crítica literária na Seara Nova e na Colóquio Letras, entre outras publicações periódicas.
Como poeta, estreou-se na colectânea O Grito Claro (1958). Estava criado o movimento da moderna poesia portuguesa.
Ramos Rosa era o poeta do presente absoluto, da «liberdade livre» e sobe todos os degraus da admiração europeia. Em Portugal é comparado com os grandes escritores nacionais. Urbano Tavares Rodrigues considerou-o como o empolgante poeta da coisas primordiais, da luz, da pedra e da água.
Em meados dos anos sessenta, Ramos Rosa radicou-se em Lisboa, onde publicou Viagem Através Duma Nebulosa (1960). Um dos mais fecundos poetas portugueses da contemporaneidade, a sua produção reflecte uma evolução do subjectivismo, em relação à objectividade. Reflectem-se nela variadas tendências, desde certas formas experimentais até a um neobarroquismo.
A sua escrita, caracterizada por uma grande originalidade e riqueza de imagens tácteis e visuais, testemunha muitas vezes uma fusão com a natureza, uma busca de unidade universal em que o humano participa e se integra no mundo, estabelecendo uma linha de continuidade entre si e os objectos materiais, numa afirmação de vida e sensualidade.
Nos seus textos, está frequentemente presente uma reflexão sobre o próprio acto da escrita e a natureza da criação poética, a questão do dizível e do indizível.
Ramos Rosa, também tradutor, escreveu dezenas de volumes de poesia, entre os quais Voz Inicial (1960), Sobre o Rosto da Terra (1961), Terrear (1964), A Constituição do Corpo (1969), A Pedra Nua (1972), Ciclo do Cavalo (1975), Incêndio dos Aspectos (1980), Volante Verde (1986, Grande Prémio de Poesia Inasset), Acordes (1989, Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores), Clamores (1992), Dezassete Poemas (1992), Lâmpadas Com Alguns Insectos (1993), O Teu Rosto (1994), O Navio da Matéria (1994), Três (1995), As Armas Imprecisas (1992, Delta, Pela Primeira Vez (1996) e A Mesa do Vento (1997, primeiramente editado em França), Pátria Soberana e Nova Ficção (2000). Entre os seus ensaios, contam-se Poesia, Liberdade Livre (1962), A Poesia Moderna e a Interrogação do Real (1979), Incisões Oblíquas (1987), A Parede Azul (1991) e As Palavras (2001).
Tem recebido numerosos prémios nacionais e estrangeiros, entre os quais o Prémio Pessoa, em 1988. É geralmente tido como um dos grandes poetas portugueses contemporâneos. Para Ramos Rosa, escrever é, sempre, a necessidade de respirar as palavras e de às palavras fornecer o frémito do ser, os pulmões do sonho, e, com elas, criar a dádiva do poeta.
Em 2001, o poeta lançou Antologia Poética, com prefácio e selecção de Ana Paula Coutinho Mendes
Prêmios:
Como escritor
-Prémio da Bienal de Poesia de Liége, 1991 -Prémio Jean Malrieu para o melhor livro de poesia traduzido em França, 1992
Obra
-Prémio Fernando Pessoa, da Editora Ática (Segundo Lugar ex-aequo), 1958 (Viagem através duma nebulosa) -Prémio Nacional de Poesia, da Secretaria de Estado de Informação e Turismo (recusado pelo autor), 1971 (Nos seus olhos de silêncio) -Prémio Literário da Casa da Imprensa (Prémio Literário), 1972 (A pedra nua) -Prémio da Fundação de Hautevilliers para o Diálogo de Culturas (Prémio de Tradução), 1976 (Algumas das Palavras: antologia de poesia de Paul Éluard) -Prémio P.E.N. Clube Português de Poesia, 1980 (O incêndio dos aspectos) -Prémio Nicola de Poesia, 1986 (Volante verde) -Prémio Jacinto do Prado Coelho, do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, 1987 (Incisões oblíquas) -Grande Prémio de Poesia APE/CTT, 1989 (Acordes) -Prémio Municipal Eça de Queiroz, da Câmara Municipal de Lisboa (Prémio de Poesia), 1992 (As armas imprecisas) -Grande Prémio Sophia de Mello Breyner Andresen (Prémio de Poesia), São João da Madeira, 2005 (O poeta na rua. Antologia portátil)
-Obra
1958 - O Grito Claro 1960 - Viagem Através duma Nebulosa 1961 - Voz Inicial 1961 - Sobre o Rosto da Terra 1963 - Ocupação do Espaço 1964 - Terrear 1966 - Estou Vivo e Escrevo Sol 1969 - A Construção do Corpo 1970 - Nos Seus Olhos de Silêncio 1972 - A Pedra Nua 1974 - Não Posso Adiar o Coração (vol.I, da Obra Poética) 1975 - Animal Olhar (vol.II, da Obra Poética) 1975 - Respirar a Sombra (vol.III, da Obra Poética) 1975 - Ciclo do Cavalo 1977 - Boca Incompleta 1977 - A Imagem 1978 - As Marcas no Deserto 1978 - A Nuvem Sobre a Página 1979 - Figurações 1979 - Círculo Aberto 1980 - O Incêndio dos Aspectos 1980 - Declives 1980 - Le Domaine Enchanté 1980 - Figura: Fragmentos 1980 - As Marcas do Deserto 1981 - O Centro na Distância 1982 - O Incerto Exacto 1983 - Quando o Inexorável 1983 - Gravitações 1984 - Dinâmica Subtil 1985 - Ficção 1985 - Mediadoras 1986 - Volante Verde 1986 - Vinte Poemas para Albano Martins 1986 - Clareiras 1987 - No Calcanhar do Vento 1988 - O Livro da Ignorância 1988 - O Deus Nu(lo) 1989 - Três Lições Materiais 1989 - Acordes 1989 - Duas Águas, Um Rio (colaboração com Casimiro de Brito) 1990 - O Não e o Sim 1990 - Facilidade do Ar 1990 - Estrias 1991 - A Rosa Esquerda 1991 - Oásis Branco 1992 - Pólen- Silêncio 1992 - As Armas Imprecisas 1992 - Clamores 1992 - Dezassete Poemas 1993 - Lâmpadas Com Alguns Insectos 1994 - O Teu Rosto 1994 - O Navio da Matéria 1995 - Três 1996 - Delta 1996 - Figuras Solares
-Revistas em que colaborou
1952 -1954 - Árvore 1956 - Cassiopeia 1958 -1960 - Cadernos do Meio-dia Esprit Europa Letteraria Colóquio-Letras Ler O Tempo e o Modo Raiz & Utopia Seara Nova Silex Revista Vértice
-Jornais em que colaborou
A Capital Artes & Letras Comércio do Porto Diário de Lisboa Diário de Notícias Diário Popular O Tempo
*pesquisa realizada em sites da internet.
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