
A carta que eu sei de cor
Publicado em 05/06/2013 18:18:18 | Tópico: Guilherme de Almeida
| E tu me escreves: - "Meu amor, minha saudade! Há tanto tempo não te vejo: há quasi um dia; estou tão longe: do outro lado da cidade... Tive sonhos tão bons esta noite! Vem vê-los: ainda estão nos meus olhos loucos de alegria. Sabes? esta manhã cortei os meus cabelos. Denunciavam-me tanto! E a ti também, meu poeta... Que alívio! Tenho a sensação de haver cortado relações com alguma amiguinha indiscreta. Agora estamos mais a nosso gosto. Agora o meu gosto será bem menos complicado Para pôr o chapéu, quando me for embora... Sinto-me tão feliz! Tive um riso sincero ao meu espelho: e esse sorriso revelou-me que o meu único mal é este bem que eu te quero..." . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E quando chego ao fim da carta, sinto, vejo que a minha boca toma a forma do teu nome: a forma que ela tem quando vai dar um beijo...
fonte: 'Era uma vez...' 1922, Casa Mayensa, São Paulo, SP
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