
Minha Poesia
Publicado em 25/02/2013 22:30:57 | Tópico: Júlio Saraiva
| Minha Poesia
minha poesia não foi educada na escola de bilac e nunca será convidada para o chá dos imortais da academia brasileira de letras
minha poesia anda descalça pelas ruas do centro velho de são paulo nenhum tradutor francês perderá seu tempo debruçado sobre ela nem será lembrada nos saraus familiares não a dirão nas escolas nos dias de festas cívicas depois que a bandeira nacional onde se lê Ordem e Progresso for hasteada por uma menina loura
minha poesia sai todos os dias muito cedo da favela de heliópolis pega ônibus lotado desce pela porta da frente sem pagar a passagem e vai vender balas no cruzamento da brasil com a rebouças minha poesia é aquela mulher despudorada que se oferece a qualquer um sem cerimônia se bobear assalta e é capaz até de matar minha poesia se alimenta do lixo das palavras podres proibidas que não cabem na boca das pessoas de bem e por isso deve ser execrada de todas as antologias e condenada a trinta anos de silêncio
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Tradução italiana de Manuela Colombo
La mia poesia
la mia poesia non è stata educata alla scuola di bilac e non sarà mai invitata al tè degli immortali dell’accademia brasiliana delle lettere
la mia poesia cammina scalza per le strade del centro storico di san paolo nessun traduttore francese perderà il suo tempo chino su di lei né sarà ricordata nei simposi familiari non la reciteranno nelle scuole nei giorni delle feste comunali dopo che la bandiera nazionale dove si legge Ordine e Progresso sarà stata issata da una bambina bionda
la mia poesia esce tutti i giorni molto presto dalla favela di heliópolis prende l’autobus affollato esce dalla porta davanti senza pagare il biglietto e va a vendere caramelle all’incrocio di viale brasile con rebouças
la mia poesia è quella femmina spudorata che si offre a chiunque senza cerimonie se le gira assale ed è anche capace di ammazzare la mia poesia si alimenta dei rifiuti delle parole schifezze proibite che non si addicono alla bocca delle persone per bene e perciò dev’essere bandita da tutte le antologie e condannata a trent’anni di silenzio 10 de Maio de 2012, enviei ao Júlio, no seu site Currupião, a tradução deste poema.
Fiquei muito feliz em receber a sua resposta:
"prezada manuela colombo, encantou-me a tradução. pedi à minha mulher, cristiane, para localizá-la. gostaria de postar suas traduções aqui, não como comentários apenas. mais uma vez, muito obrigado. j."
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