
Os vazios da pedra
Publicado em 01/01/1970 01:40:00 | Tópico: João Cabral de Melo Neto
| Os vazios do homem não sentem nada do vazio qualquer: do do casaco vazio, do da saca vazia (que não ficam de pé quando vazios, ou o homem com vazios); os vazios do homem sentem a um cheiro de uma coisa que inchasse j´inchada;; ou ao que deve sentir, quando cheia, uma saca: todavia, não qualquer saca. Os vazios do homem, esse vazio cheio, não sentem ao que uma saca de tijolos, uma saca de rebites; nem têm o pulso que bate numa de sementes, de ovos. . Os vazios do homem, ainda que sintam a uma plenitude (gora mas presença), contêm nadas, contêm apenas vazios: o que a esponja, vazia quando plena; incham do que a esponja, de ar vazio, e dela copiam certamente a estrutura: toda em grutas ou em gotas de vazio, postas em cachos de bolhas, de não-uva. Esse cheio vazio sente ao que uma saca mas cheia de esponjas cheias de vazios; os vazios do homem ou o vazio inchado: ou o vazio que inchou por estar vazio.
em: 'A Educação pela pedra", ALFAGUARA, Ed.Objetiva, 2008
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