
Gazel da Lembrança de Amor
Publicado em 02/07/2012 15:02:36 | Tópico: Federico García Lorca
| Tua lembrança não leves. Deixa-a sozinha em meu peito,
tremor de alva cerejeira no martírio de janeiro.
Dos que morreram separa-me um muro de sonhos maus.
Dou pena de lírio fresco para um coração de gesso.
A noite inteira, no horto, meus olhos, como dois cães.
A noite inteira, correndo os marmelos de veneno.
Algumas vezes o vento uma tulipa é de medo,
é uma tulipa enferma a madrugada de inverno.
Um muro de sonhos maus me afasta dos que morreram.
A névoa cobre em silêncio o vale gris de teu corpo.
Pelo arco do encontro a cicuta está crescendo.
Mas deixa tua lembrança, deixa-a sozinha em meu peito.
Federico García Lorca, in 'Divã do Tamarit' Tradução de Oscar Mendes
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