
As Coisas
Publicado em 28/11/2011 13:25:50 | Tópico: Jorge Luis Borges
| A bengala, as moedas, o chaveiro, A dócil fechadura, as tardias Notas que não lerão os poucos dias Que me restam, os naipes e o tabuleiro. Um livro e em suas páginas a seca Violeta, monumento de uma tarde Sem dúvida inesquecível e já esquecida, O rubro espelho ocidental em que arde Uma ilusória aurora. Quantas coisas, Limas, umbrais, atlas, taças, cravos, Nos servem como tácitos escravos, Cegas e estranhamente sigilosas! Durarão para além de nosso esquecimento; Nunca saberão que nos fomos num momento.
*O texto acima foi extraído do livro "Elogio da Sombra", Editora Globo/MEC - Porto Alegre, 1971, pág. 24 (tradução de Carlos Nejar e Alfredo Jacques; revisão da tradução: Maria Carolina de Araújo e Jorge Schwartz).
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