
Monólogo de Hamlet
Publicado em 16/09/2011 16:57:43 | Tópico: William Shakespeare
| Shakespeare monólogo de hamlet
Ser ou não ser, eis a questão. O que é mais nobre? Sofrer na alma As flechas da fortuna ultrajante Ou pegar em armas contra um mar de dores Pondo-lhes um fim? Morrer, dormir Nada mais; e por via do sono pôr ponto final Aos males do coração e aos mil acidentes naturais De que a carne é herdeira, num desenlace Devotadamente desejado. Morrer! Dormir; dormir Dormir, sonhar talvez: mas aqui está o ponto de interrogação; Porque no sono da morte, que sonhos podem assaltar-nos Uma vez fora da confusão da vida? É isso que nos obriga a reflectir: é esse respeito Que nos faz suportar por tanto tempo uma vida de agruras. Pois quem suportaria as chicotadas e o escárnio do tempo As injustiças do opressor, as afrontas dos orgulhosos, A tortura do amor desprezado, as demoras da lei, A insolência do oficial e os pontapés Que o paciente mérito recebe do incompetente Quando o próprio poderia gozar da quietude Dada pela ponta de um punhal? Quem tais fardos suportaria Preferindo gemer e suar sob o peso de uma vida fatigante A não pelo medo de algo depois da morte Esse país desconhecido de cujos campos Nenhum viajante retornou, e que nos baralha a vontade E nos faz suportar os males que temos Em vez de voar para o que não conhecemos? Assim a consciência nos faz a todos cobardes E assim as cores nascentes da resolução Empalidecem perante o frouxo clarão do pensamento E os planos de grande alcance e actualidade Por via desta perspectiva mudam de sentido E saem do reino da acção.
William Shakespeare, 1564-1616, poeta e dramaturgo inglês, Hamlet
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