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Enviado por | Tópico |
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MarySSantos | Publicado: 17/04/2015 17:36 Atualizado: 17/04/2015 17:37 |
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Re: Descoberta Do Inefável
Sublime Lêdo Ivo. Tentei publicar algus dos seus belos poemas nos "Clássicos", mas não consegui ou não soube como fazer, eis um aqui que gosto muito:
Os Morcegos *** Os morcegos se escondem entre as cornijas da alfândega. Mas onde se escondem os homens, que contudo voam a vida inteira no escuro, chocando-se contra as paredes brancas do amor? A casa de nosso pai era cheia de morcegos pendentes, como luminárias, dos velhos caibros que sustentavam o telhado ameaçado pelas chuvas. “Estes filhos chupam o nosso sangue”, suspirava meu pai. Que homem jogará a primeira pedra nesse mamífero que, como ele, se nutre do sangue dos outros bichos (meu irmão! meu irmão!) e, comunitário, exige o suor do semelhante mesmo na escuridão? No halo de um seio jovem como a noite esconde-se o homem; na paina de seu travesseiro, na luz do [farol o homem guarda as moedas douradas de seu amor. Mas o morcego, dormindo como um pêndulo, só guarda o dia [ofendido. ao morrer, nosso pai nos deixou (a mim e a meus oito irmãos) a sua casa onde à noite chovia pelas telhas quebradas. Levantamos a hipoteca e conservamos os morcegos. E entre as nossas paredes eles se debatem: cegos como nós. (Lêdo Ivo em Textos Escolhidos - Academia Brasileira de Letras) |
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