Carlos Drummond de Andrade : Consolo na praia
em 04/10/2008 16:50:00 (10930 leituras)
Carlos Drummond de Andrade

Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.


**************************************************


Imprimir este poema Enviar este poema a um amigo Salvar este poema como PDF
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
jessébarbosadeolivei
Publicado: 04/10/2008 17:49  Atualizado: 04/10/2008 17:49
Da casa!
Usuário desde: 14/09/2008
Localidade: SALVADOR, Bahia ---- BRASIL
Mensagens: 368
 Re: Consolo na praia
ah, o intimismo reflexivo e profundo
de drummond sempre me acalenta, me ampara,
lava-me a alma e dá lhaneza
aos meus pensamentos.

Enviado por Tópico
Lucineide
Publicado: 26/12/2015 23:15  Atualizado: 26/12/2015 23:15
Membro de honra
Usuário desde: 06/12/2015
Localidade:
Mensagens: 1178
 Re: Consolo na praia
Como sou apaixonada por suas poesias, Drummond !

Quando o dia nasce e o sol não,
planto um girassol na minha janela.
Os pássaros vêm e comem na minha mão.

Lucineide

Links patrocinados

Visite também...