João Cabral de Melo Neto : Tecendo a manhã
em 03/10/2008 14:10:00 (9310 leituras)
João Cabral de Melo Neto

1

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

2

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.



**************************************************


Imprimir este poema Enviar este poema a um amigo Salvar este poema como PDF
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
jessébarbosadeolivei
Publicado: 03/10/2008 15:04  Atualizado: 04/10/2008 11:29
Da casa!
Usuário desde: 14/09/2008
Localidade: SALVADOR, Bahia ---- BRASIL
Mensagens: 368
 Re: Tecendo a manhã
PARA MIM, NESTE POEMA,
SE SOBRESSAI A IMPORTÂNCIA DA FORÇA DA COLETIVIDADE.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 03/10/2008 16:55  Atualizado: 03/10/2008 16:55
 Re: Tecendo a manhã
Sim, Jessé. De modo tal que se conflua que só há de ser luz. Sobretudo bela, na voz precisa de João Cabral de Melo Neto.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 31/07/2016 20:58  Atualizado: 31/07/2016 20:58
 Re: Tecendo a manhã
O que difere esses poetas consagrados é que eles poucos escrevem do amor, isso é fundamental.

Links patrocinados

Visite também...