Eugénio de Andrade : Vida e Obra
em 24/09/2008 13:40:00 (15803 leituras)
Eugénio de Andrade

Eugénio de Andrade foi o pseudónimo de José Fontinhas Rato poeta português do séc. XX, nascido na freguesia de Póvoa de Atalaia (Fundão) em 19 de Janeiro de 1923, fixando-se em Lisboa em 1932 com a mãe, que entretanto se separara do pai.

Estudou no Liceu Passos Manuel e na Escola Técnica Machado de Castro, tendo escrito os seus primeiros poemas em 1936, o primeiro dos quais, intitulado "Narciso", publicou três anos mais tarde.

Em 1943 mudou-se para Coimbra, onde regressa depois de cumprido o serviço militar convivendo com Miguel Torga e Eduardo Lourenço. Tornou-se funcionário público em 1947, exercendo durante 35 anos as funções de inspector administrativo do Ministério da Saúde. Uma transferência de serviço levá-lo-ia a instalar-se no Porto em 1950, numa casa que só deixou mais de quatro décadas depois, quando se mudou para o edifício da Fundação Eugénio de Andrade, na Foz do Douro.

A sua consagração já acontecera dois anos antes, em 1948, com a publicação de "As mãos e os frutos", que mereceu os aplausos de críticos como Jorge de Sena ou Vitorino Nemésio. Entre as dezenas de obras que publicou encontram-se, na poesia, "Os amantes sem dinheiro" (1950), "As palavras interditas" (1951), "Escrita da Terra" (1974), "Matéria Solar" (1980), "Rente ao dizer" (1992), "Ofício da paciência" (1994), "O sal da língua" (1995) e "Os lugares do lume" (1998).

Em prosa, publicou "Os afluentes do silêncio" (1968), "Rosto precário" (1979) e "À sombra da memória" (1993), além das histórias infantis "História da égua branca" (1977) e "Aquela nuvem e as outras" (1986).

Durante os anos que se seguem até hoje, o poeta fez diversas viagens, foi convidado para participar em vários eventos e travou amizades com muitas personalidades da cultura portuguesa e estrangeira, como Joel Serrão, Miguel Torga, Afonso Duarte, Carlos Oliveira, Eduardo Lourenço, Joaquim Namorado, Sophia de Mello Breyner Andresen, Teixeira de Pascoaes, Vitorino Nemésio, Jorge de Sena, Mário Cesariny de Vasconcelos, José Luís Cano, Ángel Crespo, Luís Cernuda, Marguerite Yourcenar, Herberto Helder, Joaquim Manuel Magalhães, João Miguel Fernandes Jorge, Óscar Lopes, e muitos outros...

Apesar do seu enorme prestígio nacional e internacional, Eugénio de Andrade sempre viveu distanciado da chamada vida social, literária ou mundana, tendo o próprio justificado as suas raras aparições públicas com "essa debilidade do coração que é a amizade".

Recebeu inúmeras distinções, entre as quais o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários (1986), Prémio D. Dinis (1988), Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1989) e Prémio Camões (2001). Em Setembro de 2003 a sua obra "Os sulcos da sede" foi distinguida com o prémio de poesia do Pen Clube. Viveu em Lisboa de 1932 a 1943. Fixou-se no Porto, a partir de 1950, como funcionário dos Serviços Médico-Sociais. Faleceu a 13 de Junho de 2005, no Porto, após uma doença neurológica prolongada.

Estreou-se em 1940 com a obra Narciso, torna-se mais conhecido em 1942 com o livro de versos Adolescente, e afirma-se como poeta na cole(c)tânea As mãos e os frutos. A obra poética de Eugénio de Andrade é essencialmente lírica, considerada por José Saramago como uma poesia do corpo a que se chega mediante uma depuração contínua.

Livros de Poesia

Pureza (1945)
As Mãos e os Frutos (1948)
Os amantes sem dinheiro (1950)
As palavras interditas (1951)
Até amanhã (1956)
Coração do dia (1958)
Mar de Setembro (1961)
Ostinato rigore (1964)
Obscuro domínio (1971)
Véspera de água (1973)
Escrita da Terra (1974)
Limiar dos pássaros (1976)
Matéria solar (1980)
Vertentes do olhar (1987)
O outro nome da Terra (1988)
Rente ao dizer (1992)
Ser dá trabalho (1993)
Ofício de Paciência
Antologia Breve
O Sal da Língua (1995)

Antologias

Daqui houve nome Portugal (1968)
Variações sobre um corpo (1972)
Versos e alguma prosa de Luís de Camões (1972)
Foi também tradutor de alguma obras, como dos espanhóis Federico García Lorca e Antonio Buero Vallejo, da poetisa grega clássica Safo (Poemas e fragmentos, em 1974), do grego moderno Yannis Ritsos, do francês René Char e do argentino Jorge Luís Borges.


Literatura Infantil

História da Égua Branca (1977)
Aquela Nuvem e Outras (1986)

Prosa

"Os Afluentes do Silêncio". Porto, Editorial Inova, 1968.
"História da Égua Branca". Porto, Edições Asa, 1976.
"Rosto Precário". Porto, Limiar, 1979.
"À Sombra da Memória".


Obras Traduzidas

Alemanha
"Die weiße Stute", in "Dichter Europas erzählen Kindern". Trad. de Helmut Frielinghaus, Colónia, Midlhauve, 1972.

Ex-Checoslováquia
"Portugalski Kvartet" (Jorge de Sena, Mário Cesariny de Vasconcelos, Eugénio de Andrade, Herberto Hélder). Trad. de Mirko Tomasovic, Zagreb, Znanje Zagreb, 1984.

Espanha
"Antología Poética 1940-1980". Versão de Ángel Crespo, Barcelona, Plaza & Janes, 1981.

"Escritura de la Tierra", III. Trad. de José Luís García Martín, in "Fin de Siglo", nº8, Jerez de la Frontera, 1984.
"Memoria d'Outru Riu". Trad. (em bable) de António García, Oviedo, Libros de Frou, 1985.

"Blanco en lo Blanco". Trad. de Fidel Villar Ribot, Granada, Editorial D.Quijote, 1985.

"Vertientes de la Mirada y Otros Poemas en Prosa". Trad. de Ángel Crespo, Madrid, Ediciones Júcar, 1987.

"Ostinato Rigore". Trad. de Manuel Guerrero, pref. de Eduardo Lourenço, Barcelona, Ediciones de Mall, 1987.

"Matéria Solar". Trad. (em catalão) de Vicente Berenguer, Valência, Gregal Llibres, 1987.

"Contra la Escuridade". Trad. (em bable) de Antonio García, Oviedo, Academia de Língua Asturiana, 1987.

Estados Unidos
"Inhabited Heart: The Select Poems of Eugénio de Andrade". Trad. de Alexis Levitin, Van Nuys, Califórnia, Perivale Press, 1985.

"White on White". Trad. de Alexis Levitin, in "Quaterly Review of Literature", Princeton, New Jersey.

"Memory of Another River". Trad. de Alexis Levitin, St. Paul, Minnesota, New Rivers Press, 1988.

"The Slopes of a Gaze". Trad. de Alexis Levitin, Plattsburgh, New York, Apalachee Press, 1992. (Edição bilingue: português e inglês)

França
"Vingt-sept Poèmes d'Eugénio de Andrade". Trad. e impressão de Michel Chandeigne, Paris, 1983.

"Une Grande, Une Immense Fidélité". Trad. de Christian Auscher, Paris, Chandeigne, 1983.

"Matière Solaire". Trad. de Mª Antónia Câmara Manuel, Michel Chandeigne e Patrick Quiller, Paris, La Différence, 1987.

"Les Poids de l'Ombre". Trad. de Mª Antónia Câmara Manuel, Michel Chandeigne e Patrick Quiller, Paris, La Différence,1987.

"Écrits de la Terre" : poèmes traduits du portugais par Michel Chandeigne. Bilingue, Éditions de la différence, Paris,1988.

"Le Sel de la langue": poèmes, traduction Michel Chandeigne, La Différence, Paris, 1999.

"L’autre nom de la terre" : recueil de poèmes (bilingue), traduction Michel Chandeigne et Nicole Siganos, La Différence, Paris,1990.

"Les Lieux du feu" : recueil de poèmes (bilingue), traduction Michel Chandeigne, L’Escampette, 2001.

"Office de la patience" (Ofício da paciência) : recueil de poèmes (bilingue), traduction Michel Chandeigne, Bruxelles,1995.

"Versants du regard et autres poèmes en prose" : recueil de poème (bilingue), traduction Patrick Quillier, La Différence, Paris, 1990.

"Femmes en noir" : traduction Christian Auscher, postface de João Fatela. Photographies de Claude Sibertin-Blanc, La Différence, Paris,1988

"À l’approche des eaux" : traduction Michel Chandeigne, Phébus, 1991 et La Différence, Paris, 2000

Itália
"Ostinato Rigore, Antologia Poetica". Trad. de Carlo Vittorio Cattaneo, Roma, Edizioni Abete, 1975.

"Memoria d'un Altro Fiume". Trad. de Carlo Vittorio Cattaneo, Luxemburgo, Éditions Internationales Euroeditor, 1984.

México
"Brevisima Antología". Trad. de A. Ruy Sánchez, México, Universidad Nacional Autónoma, 1981.

Ex-URSS
"Poesia Portuguesa Contemporânea": José Gomes Ferreira, Jorge de Sena, Carlos Oliveira e Eugénio de Andrade. Trad. de Elena Riáuzova, Moscovo, Editorial Progress, 1980.

Venezuela
"Blanco no Blanco". Trad. de Francisco Rivera, Caracas, Fundarte, 1987.

Portugal
"Ostinato Rigore", edição bilingue (português e francês), com traduções de Bruno Tolentino e de Robert Quemserat, 1971.

"Escrita da Terra e Outros Epitáfios", edição bilingue (português e italiano), com traduções de Vottorio Cattaneo,1974.

"Changer de Rose, Poèmes de Eugénio de Andrade traduits em espagnol, français, italien, anglais et alemand." Trad. de Ángel Crespo, Xosé Lois García, Pilar Vásques Cuesta, Armand Guibert, Robert Quemserat, Isabel Magalhães, Sophia de Mello Breyner e Guillevic, Bruno Tolentino, Carlo Vittorio Cattaneo, Giuseppe Tavani, Luciana Stegagno Picchio, Jonathan Griffin, Jean R. Longland, Mário Cláudio e Michel Gordon Lloyd, Erwin Walter Palm, Curt Meyer-Clason, Porto, 1978.

Prémios

Eugénio foi galardoado com inúmeras distinções, entre as quais:

Prémio Pen Clube (1986)
Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários (1986)
Prémio D. Dinis (1988)
Prémio Jean Malrieu (França, 1989)
Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (APE) (1989)
Prémio APCA (Brasil,1991)
Prémio Europeu de Poesia da Comunidade de Varchatz (República da Sérvia, 1996)
Prémio Vida literária da APE (2000)
Prémio Celso Emilio Ferreiro (Espanha, 2001)
Prémio Camões (2001)
Prémio PEN (2001)
Doutoramento "Honoris Causa" (2005).
Em Setembro de 2003 a sua obra "Os sulcos da sede" foi distinguida com o prémio de poesia do Pen Clube.


*pesquisa realizada em sites da internet.
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/09/2008 14:50  Atualizado: 24/09/2008 14:51
 Re: Vida e Obra.. aviso p/ todos
Olá amigos do Luso-poemas,

Os textos de Eugénio de Andrade foram revisados e estão disponíveis para leitura.

Até mais ler...

Helen De Rose
Moderadora dos Consagrados.

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