Soneto VI
Não sei de que cansaços me proveio
O peso que carrego sobre os ombros.
Sou como quem depois de um bombardeio,
Se levanta no meio dos escombros.
E sente a dor das pedras rebentadas,
Mais alta que o grito das criaturas
A dor do chão, dos muros, das calçadas,
De onde o pranto não brota, dores duras.
O único alívio é olhar o céu sem fundo,
O véu de sonho que recobre o mundo,
E absorve, esbate, anula realidade
Sob a expansão do azul intenso e forte.
Dor sem fim, olhar calmo além da morte,
Não desespero, sim perplexidade!
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