Fernando Pessoa : XVI - Quem me Dera
em 06/08/2008 10:00:00 (5509 leituras)
Fernando Pessoa

(Alberto Caeiro)

XVI - Quem me Dera


Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas ...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.




**************************************************


Imprimir este poema Enviar este poema a um amigo Salvar este poema como PDF
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
jessé barbosa de oli
Publicado: 11/08/2008 15:55  Atualizado: 11/08/2008 15:55
Da casa!
Usuário desde: 03/12/2007
Localidade: SALVADOR, Bahia
Mensagens: 334
 Re: Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
a problemática dos conflitos existenciais
encontra na poesia de pessoa um verdadeiro eden,
ainda que na pele de caeiro, a imponente e frodosa
árvore do materialismo, se manifeste de forma
bem rarefeita.

Links patrocinados

Visite também...