Manuel Bandeira : Vida e Obra
em 21/07/2008 13:27:50 (14514 leituras)
Manuel Bandeira

Senhoras e Senhores, Manuel Bandeira:

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho - Manuel Bandeira - nasceu em Recife, dia 19 de abril de 1886 e faleceu no Rio de Janeiro, em 13 de outubro de 1968 - foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro.

Considera-se que Bandeira faça parte da geração de 22 da literatura moderna brasileira, sendo seu poema "Os Sapos" o abre-alas da Semana de Arte Moderna de 1922. Juntamente com escritores como João Cabral de Melo Neto, Paulo Freire, Gilberto Freyre e José Condé, representa o que há de melhor na produção literária do estado de Pernambuco.

Filho do engenheiro Manuel Carneiro de Sousa Bandeira e de sua esposa Francelina Ribeiro, era neto paterno de Antônio Herculano de Sousa Bandeira, advogado, professor da Faculdade de Direito do Recife e deputado geral na 12ª legislatura. Tendo dois tios reconhecidamente importantes, sendo um, João Carneiro de Sousa Bandeira, que foi advogado, professor de Direito e membro da Academia Brasileira de Letras e o outro, Antônio Herculano de Sousa Bandeira Filho, que era o irmão mais velho do engenheiro Sousa Bandeira e foi advogado, procurador da coroa, autor de expressiva obra jurídica e foi também Presidente da Províncias da Paraíba e de Mato Grosso.

Seu avô materno era Antônio José da Costa Ribeiro, advogado e político, deputado geral na 12ª legislatura. Costa Ribeiro era o avô citado em Evocação do Recife. Sua casa na rua da União é referida no poema como "a casa de meu avô". No Rio de Janeiro, para onde viajou com a família, em função da profissão do pai, engenheiro civil do Ministério da Viação, estudou no Colégio Pedro II (Ginásio Nacional, como o chamaram os primeiros republicanos) foi aluno de Silva Ramos, de José Veríssimo e de João Ribeiro, e teve como condiscípulos Álvaro Ferdinando Sousa da Silveira, Antenor Nascentes, Castro Menezes, Lopes da Costa, Artur Moses.

Em 1904 terminou o curso de Humanidades e foi para São Paulo, onde iniciou o curso de arquitetura na Escola Politécnica de São Paulo, que interrompeu por causa da tuberculose. Para se tratar buscou repouso em Campos do Jordão, Campanha e outras localidades de clima mais ameno. Com a ajuda do pai que reuniu todas as economias da família foi para Suíça, onde esteve no Sanatório de Clavadel.

Manuel Bandeira faleceu no dia 13 de outubro de1968 com hemorragia gástrica aos 82 anos de idade, no Rio de Janeiro, e foi sepultado no mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.


Poesia de Bandeira

Ele foi um dos poetas nacionais mais admirados, inspirando, até hoje, desde novos escritores a compositores. Aliás, o "ritmo bandeiriano" merece estudos aprofundados de ensaístas. Por vezes inspira escritores não em razão de sua temática, mas, também devido ao estilo sóbrio de escrever.

Manuel Bandeira possui um estilo simples e direto, embora não compartilhe da dureza de poetas como João Cabral de Melo Neto, também pernambucano. Aliás, numa análise entre as obras de Bandeira e João Cabral, vê-se que este, ao contrário daquele, visa a purgar de sua obra o lirismo. Bandeira foi o mais lírico dos poetas. Aborda temáticas cotidianas e universais, às vezes com uma abordagem de "poema-piada", lidando com formas e inspiração que a tradição acadêmica considera vulgares. Mesmo assim, conhecedor da Literatura, utilizou-se, em temas cotidianos, de formas colhidas nas tradições clássicas e medievais. Em sua obra de estréia (e de curtíssima tiragem) estão composições poéticas rígidas, sonetos em rimas ricas e métrica perfeita, na mesma linha onde, em seus textos posteriores, encontramos composições como o rondó e trovas.

É comum criar poemas (como o Poética, parte de Libertinagem) que se transforma quase que em um manifesto da poesia moderna. No entanto, suas origens estão na poesia parnasiana. Foi convidado a participar da Semana de arte moderna de 1922, embora não tenha comparecido, deixou um poema seu (Os Sapos) para ser lido no evento.

Uma certa melancolia, associada a um sentimento de angústia, permeia sua obra, em que procura uma forma de sentir a alegria de viver. Doente dos pulmões, Bandeira sabia dos riscos que corria diariamente, e a perspectiva de deixar de existir a qualquer momento é uma constante na sua obra.

A imagem de bom homem, terno e em parte amistoso que Bandeira aceitou adotar no final de sua vida tende a produzir enganos: sua poesia, longe de ser uma pequena canção terna de melancolia, está inscrita em um drama que conjuga sua história pessoal e o conflito estilístico vivido pelos poetas de sua época. Cinza das Horas apresenta a grande tese: a mágoa, a melancolia, o ressentimento enquadrados pelo estilo mórbido do simbolismo tardio. Carnaval, que virá logo após, abre com o imprevisível: a evocação báquica e, em alguns momentos, satânica do carnaval, mas termina em plena melancolia. Essa hesitação entre o júbilo e a dor articular-se-á nas mais diversas dimensões figurativas. Se em Ritmo Dissoluto, seu terceiro livro, a felicidade aparece em poemas como Vou embora para Pasárgada, onde é questão a evocação sonhadora de um país imaginário, o pays de cocagne, onde todo desejo, principalmente erótico, é satisfeito, não se trata senão de um alhures intangível, de um locus amenus espiritual. Em Bandeira, o objeto de anseio restará envolto em névoas e fora do alcance. Lançando mão do tropo português da “saudade”, poemas como Pasárgada e tantos outros encontram um símile na nostálgica rememoração bandeiriana da infância, da vida de rua, do mundo cotidiano das provincianas cidades brasileiras do início do século. O inapreensível é também o feminino e o erótico. Dividido entre uma idealidade simpática às uniões diáfanas e platônicas e uma carnalidade voluptuosa, Manuel Bandeira é, em muitos de seus poemas, um poeta da culpa. O prazer não se encontra ali na satisfação do desejo, mas na excitação da algolagnia do abandono e da perda. Em Ritmo Dissoluto, o erotismo, tão mórbido nos dois primeiros livros, torna-se anseio maravilhado de dissolução no elemento líquido marítimo, como é o caso de Na Solidão das Noites Úmidas.

Esse drama silencioso surpreende mesmo em poemas “ternos”, quando inesperadamente encontram-se, como é o caso dos poemas jornalísticos de Libertinagem, comentários mordazes e sorrateiros interrompendo a fluência ingênua de relatos líricos, fazendo revelar todo um universo de sentimentos contraditórios. Com Libertinagem, talvez o mais celebrado dos livros de Bandeira, adotam-se formas modernistas, abandona-se a metrificação tradicional e acolhe-se o verso livre. Em grosso, é um livro menos personalista. Se os grandes temas nostálgicos cedem ao avanço modernista, não é somente porque os sufocam o desfile fulminante de imagens quotidianas e os esquetes celebratórios do modernismo, mas também porque é um princípio motor de sua obra o reencenar a luta dos dois momentos sentimentais da alegria e da tristeza. O cotidiano “brasileiro” aparece ali, realçando o júbilo evocatório, com o pitoresco popular que se assimila, por exemplo em Evocação do Recife, ao tom triste e nostálgico; usa-se o diálogo anedótico para brindar fatos tão sórdidos quanto sua própria doença (Pneumotórax); a forma do esquete, favorável à apreensão imediata do objeto, funde-se, em O Cacto, a um lirismo narrativo que se aperfeiçoará em sua poesia posterior. Tanto em Libertinagem como no restante de sua obra, a adoção da linguagem coloquial nem sempre será coroada de êxito. Em certos meios-tons perde-se a distinção entre o coloquial estilizado e o coloquial natural, como em Pensão Familiar, onde os diminutivos são usados abusivamente. Libertinagem dará o tom de toda a poesia subseqüente de Manuel Bandeira. Em Estrela da Manhã, Lira dos Cinquent’anos e outros livros, as experiências da primeira fase darão lugar ao acomodamento do material lírico em formas mais brandas e às vezes mesmo ao retorno a formas tradicionais.

Poesia

A Cinza das Horas - Jornal do Comércio - Rio de Janeiro, 1917
Carnaval - Rio de janeiro,1919
O Ritmo Dissoluto - Rio de Janeiro, 1924
Poesia (A cinza das Horas, Carnaval, Ritmo Dissoluto) - Rio de Janeiro, 1924
Libertinagem - Rio de Janeiro, 1930
Estrela da Manhã - Rio de Janeiro, 1936
Poesias Escolhidas - Rio de Janeiro, 1937
Poesias Completas - Rio de Janeiro todos livros anteriores com o novo Lira dos Cinquent'anos), 1940
Poemas Traduzidos - Rio de Janeiro
Poema trem de ferro

Prosa

Crônicas da Província do Brasil - Rio de Janeiro, 1936
Guia de Ouro Preto, Rio de Janeiro, 1938
Noções de História das Literaturas - Rio de Janeiro, 1940
Autoria das Cartas Chilenas - Rio de Janeiro, 1940
Apresentação da Poesia Brasileira - Rio de Janeiro, 1946
Literatura Hispano-Americana - Rio de Janeiro, 1949
Gonçalves Dias, Biografia - Rio de Janeiro, 1952
Itinerário de Pasárgada - Jornal de Letras, Rio de Janeiro, 1954
De Poetas e de Poesia - Rio de Janeiro, 1954
A Flauta de Papel - Rio de Janeiro, 1957
Itinerário de Pasárgada - Livraria São José - Rio de Janeiro, 1957
Andorinha, Andorinha - José Olympio - Rio de Janeiro, 1966
Itinerário de Pasárgada - Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1966
Colóquio Unilateralmente Sentimental - Editora Record - RJ, 1968
Seleta de Prosa - Nova Fronteira - RJ
Berimbau e Outros Poemas - Nova Fronteira - RJ


Antologias

Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Romântica, N. Fronteira, RJ
Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Parnasiana - N. Fronteira, RJ
Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Moderna - Vol. 1, N. Fronteira, RJ
Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Moderna - Vol. 2, N. Fronteira, RJ
Antologia dos Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos, N. Fronteira, RJ
Antologia dos Poetas Brasileiros - Poesia Simbolista, N. Fronteira, RJ
Antologia Poética - Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1961
Poesia do Brasil - Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1963
Os Reis Vagabundos e mais 50 crônicas - Editora do Autor, RJ, 1966
Manuel Bandeira - Poesia Completa e Prosa, Ed. Nova Aguilar, RJ
Antologia Poética (nova edição), Editora N. Fronteira, 2001

Em co-autorias

Quadrante 1 - Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1962 (com Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Dinah Silveira de Queiroz, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga)
Quadrante 2 - Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1963 (com Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Dinah Silveira de Queiroz, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga)
Quatro Vozes - Editora Record - Rio de Janeiro, 1998 (com Carlos Drummond de Andrade, Rachel de Queiroz e Cecília Meireles)
Elenco de Cronistas Modernos - Ed. José Olympio - RJ (com Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga
O Melhor da Poesia Brasileira 1 - Ed. José Olympio - Rio de Janeiro (com Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto)


Traduções

O Auto Sacramental do Divino Narciso de Sóror Juana Inés de la Cruz, 1949
Maria Stuart, de Schiler, encenado no Rio de Janeiro e em São Paulo, 1955
Macbeth, de Shakespeare, e La Machine Infernale, de Jean Cocteau, 1956.
As peças June and the Paycock, de Sean O'Casey, e The Rainmaker, de N. Richard Nash, 1957
The Matchmaker (A Casamenteira), de Thorton Wilder, 1958
D. Juan Tenório, de Zorrilla, 1960
Mireille, de Fréderic Mistral, 1961
Prometeu e Epimeteu de Carl Spitteler, 1962
Der Kaukasische Kreide Kreis, de Bertold Brecht, 1963
O Advogado do Diabo, de Morris West, e Pena Ela Ser o Que É, de John Ford, 1964
Os Verdes Campos do Eden, de Antonio Gala; A Fogueira Feliz, de J. N.Descalzo, e Edith Stein na Câmara de Gás de Frei Gabriel Cacho, 1965


Selecção e organização

Sonetos Completos e Poemas Escolhidos de Antero de Quental
Obras Poéticas de Gonçalves Dias, 1944
Rimas de José Albano, 1948
Cartas a Manuel Bandeira, de Mário de Andrade, 1958


Sobre o autor

Homenagem a Manuel Bandeira, 1936
Homenagem a Manuel Bandeira (edição fac-similar), 1986
- Homenagem a Manuel Bandeira- (sessenta autores com organização de
Bandeira a Vida Inteira - Edições Alumbramento, Rio de Janeiro, 1986 (com um disco contendo poemas lidos pelo autor).
Os Melhores Poemas de Manuel Bandeira (seleção de Francisco de A. Barbosa) - Editora Global - Rio de Janeiro
Manuel Bandeira: Uma Poesia da Ausência. De Yudith Rosebaum. São Paulo: Edusp/Imago, 1993.

Multimédia

CD "Manuel Bandeira: O Poeta de Botafogo" - Gravações inéditas feitas pelo poeta e por Lauro Moreira, tendo como fundo musical peças de Camargo Guarnieri interpretadas pelo pianista Belkiss Carneiro Mendonça, 2005.


Academia Brasileira de Letras

Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, onde foi o terceiro ocupante da cadeira 24 cujo patrono é Júlio Ribeiro. Sua eleição ocorreu em 29 de agosto de 1940, sucedendo Luís Guimarães Filho, e foi recebido pelo acadêmico Ribeiro Couto em 30 de novembro de 1940.



*pesquisa realizada em sites da internet

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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 21/07/2008 13:33  Atualizado: 21/07/2008 13:33
 Re: Vida e Obra
ESTIMADA AMIGA HELEN O MEU MUITO OBRIGADO POR ME DAR A CONHECER ESSE ILUSTRE POETA QUE IREI VER AS SUAS OBRAS ASSIM QUE PODER.

UM ABRAÇO AMIGO


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 21/07/2008 13:44  Atualizado: 21/07/2008 13:44
 Re: Vida e Obra
Obrigado Helen por me levares a rememorar um autor de prestígio de cuja obra tomei conhecimento quando eu andava lá pelos primeiros anos do Liceu. Na altura Manuel bandeira era muito destacado nas páginas do Século Ilustrado. beijinho

Enviado por Tópico
jessé barbosa de oli
Publicado: 21/07/2008 13:47  Atualizado: 21/07/2008 13:47
Da casa!
Usuário desde: 03/12/2007
Localidade: SALVADOR, Bahia
Mensagens: 334
 Re: Vida e Obra
justíssima homenagem, helen.

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