Guerra
"Tudo é sangue
que os rios desistem de seu ritmo,
e o oceano delira
e rejeita as espumas vermelhas.
Tanto sangue
que até a lua se levanta horríve,
e erra nos lugares serenos,
sonâmbula de aúreolas rubras,
com o fogo do inferno em suas madeixas.
Tanta é a morte
que nem os rostos se conhecem,lado a lado,
e os pedacos de corpos estão por alí como tábuas sem uso.
Oh! os dedos com aliancas perdidos na lama...
Os olhos que já não pestanejam como a poeira...
As bocas de recados perdidos...
O coracão dado aos vermes,dentro dos densos uniformes...
Tanta é a morte
que só as almas formariam colunas,
as almas desprendidas...-e alcancariam as estrelas
E as máquinas de entranhas abertas,
e os cadáveres ainda armados
e a terra com suas flores ardendo,
e os rios espavoridos como tigres,com suas máculas,
e este mar desvairado de inc^ndios e náufragos,
e a lua alucinada de seu testemunho,
e nós e vós,imunes,
chorando,apenas sobre fotográfias,
-tudo é tão natural armar e desarmar de andaimes
entre tempos vagorosos,
sonhando arquieteturas!!!"
fonte: poetas famosos
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