Senhoras e Senhores com vocês:
Hilda de Almeida Prado Hilst- Hilda Hilst, poeta, dramaturga e ficcionista, nasceu em Jaú (SP) no dia 21 de abril de 1930. Em 1952 formou-se pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Em 1966, mudou-se para a Casa do Sol, uma chácara próxima a Campinas (SP), onde residiu até 2004, quando faleceu.
Hilda Hilst, que dedicou todo o seu tempo à criação literária, escreveu há quase meio século, tendo sido agraciada com os mais importantes prêmios literários do país.
Seu arquivo pessoal foi comprado pelo Centro de Documentação Alexandre Eulálio, Instituto de Estudos de linguagem (IEL) da Unicamp em 1995, estando aberto a pesquisadores do mundo inteiro.
Alguns de seus textos foram traduzidos para o francês, inglês, italiano e alemão. Em março de 1997, seus textos Com os meus olhos de cão e A obscena senhora D foram publicados pela Editora Gallimard, tradução de Maryvonne Lapouge, que também traduziu Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.
Obra
Poesia
Presságios - SP - 1950
Balada de Alzira - SP: Edições Alarico, 1951.
Balada do festival - RJ: Jornal de Letras, 1955.
Roteiro do Silêncio - SP: Anhambi, 1959.
Trovas de muito amor para um amado senhor - SP: Anhambi, 1959. SP: Massao Ohno, 1961.
Ode Fragmentária - SP: Anhambi, 1961.
Sete cantos do poeta para o anjo - SP: Massao Ohno, 1962. (Prêmio PEN Clube de São Paulo)
Poesia (1959/1967) - SP: Editora Sal, 1967.
Júbilo, memória, noviciado da paixão - SP: Massao Ohno, 1974.
Poesia (1959/1979) - SP: Quíron/INL, 1980.
Da Morte. Odes mínimas - SP: Massao Ohno, Roswitha Kempf, 1980.
Da Morte. Odes mínimas - SP: Nankin/Montréal: Noroît, 1998. (Edição bilíngüe, francês-português.)
Cantares de perda e predileção - SP: Massao Ohno/Lídia Pires e Albuquerque Editores, 1980. ( Prêmio Jabuti/Câmara Brasileira do Livro. Prêmio Cassiano Ricardo/Clube de Poesia de São Paulo.)
Poemas malditos, gozosos e devotos - SP: Massao Ohno/Ismael Guarnelli Editores, 1984.
Sobre a tua grande face - SP: Massao Ohno, 1986.
Alcoólicas - SP: Maison de vins, 1990.
Amavisse - SP: Massao Ohno, 1989.
Bufólicas - SP: Massao Ohno, 1992.
Do Desejo - Campinas, Pontes, 1992.
Cantares do Sem Nome e de Partidas - SP: Massao Ohno, 1995.
Do Amor - SP: Massao Ohno, 1999.
Prosa
Fluxo - Floema - SP: Perspectiva, 1970.
Qadós - SP: Edart, 1973.
Ficções - SP: Quíron, 1977. (Prêmio APCA/ Associação Paulista dos Críticos de Arte. Melhor livro do ano.)
Tu não te moves de ti - SP: Cultura, 1980.
A obscena senhora D - SP: Massao Ohno, 1982.
Com meus olhos de cão e outras novelas - SP: Brasiliense, 1986.
O Caderno Rosa de Lory Lambi - SP: Massao Ohno, 1990.
Contos D'Escárnio/Textos Grotescos - SP: Siciliano, 1990.
Cartas de um sedutor - SP: Paulicéia, 1991.
Rútilo Nada - Campinas: Pontes, 1993. (Prêmio Jabuti/Câmara Brasileira do Livro.)
Estar Sendo Ter Sido - SP: Nankin, 1997.
Cascos e Carícias - crônicas reunidas (1992-1995) - SP: Nankin, 1998.
Teatro
A Possessa - 1967.
O rato no muro - 1967.
O visitante - 1968.
Auto da Barca de Camiri - 1968.
O novo sistema - 1968.
Aves da Noite - 1968.
O verdugo - 1969 (Prêmio Anchieta)
A morte de patriarca - 1969.
crítica e outros
O coração posto a nu, por Antonio Olinto
Hilda Hilst: poeta, narradora, dramaturga, por Anatol Rosenfeld
Sobre A Obscena Senhora D, por Caio Fernando Abreu
A vida: uma aventura obscena de tão lúcida, por Clara Silveira Machado e Edson Costa Duarte
Apresentação a "Ficções" de Hilda Hilst, por Leo Gilson Ribeiro
Amor y Bunda, por J. Toledo
Como uma brejeira escoliasta, por J. L. Mora Fuentes
O caderno rosa de Hilda Hilst, por J. L. Mora Fuentes
Um psicãologo na casa de Hilda Hilst, por Yuri V. Santos
Música
Só tenho a ti, (Hilda Hilst / Adoniran Barbosa), interpretada por Adoniran Barbosa
Quando te achei, (Hilda Hilst / Adoniran Barbosa), interpretada por Elza Laranjeira
Pequenos funerais cantantes, (Hilda Hilst, José Antônio de Almeida Prado)
Prêmios
Foram sete prêmios literários, no total.
Em 1962, o Prêmio PEN Clube de São Paulo, por Sete Cantos do Poeta para o Anjo (Massao Ohno Editor, 1962).
Em 1969, a peça O Verdugo arrebata o prêmio Anchieta, um dos mais importantes do país na época.
A Associação Paulista dos Críticos de Arte (Prêmio APCA) considera Ficções (Edições Quíron, 1977) o melhor livro do ano.
Em 1981, Hilda Hilst recebe o Grande Prêmio da Crítica para o Conjunto da Obra, pela mesma APCA. Em 1984, a Câmara Brasileira do Livro concede o Prêmio Jabuti a Cantares de Perda e Predileção (Massao Ohno - M. Lydia Pires e Albuquerque editores, 1983), e, no ano seguinte, a mesma obra recebe o Prêmio Cassiano Ricardo (Clube de Poesia de São Paulo).
E, finalmente, Rútilo Nada, publicado em 1993, pela editora Pontes, leva o Prêmio Jabuti como melhor conto.
Hilda Hilst, essa desconhecida...
"Eu sempre me fascinei com o matemático indiano Srinivasa Ramanujan. Ele dizia que para resolver seus intricados teoremas era movido apenas pela beleza das equações.
Na poesia também é assim. É uma espécie de exercício do não-dizer, mas que nos dilata de beleza quando acabamos de ler um poema." (Hilda Hilst)
Enigmática, a senhora Hilda Hilst. Dona de um texto na maioria das vezes estranho, instigante, capaz de surpresas cuidadosamente planejadas. Camaleoa. Com quase quarenta livros publicados, escrevendo magistralmente desde a prosa de ficção à dramaturgia, passando por poemas de construção hipermental (metalurgia de palavras), ainda assim não é suficientemente conhecida nem estudada.
Densa a sua tessitura, crua mas ao mesmo tempo poderosa e cálida, como fogo ateado à distância para o deleite das mãos.
Conhecida principalmente nos círculos intelectuais paulistanos, Hilda concebeu novelas onde o poder verbal, literariedade e erudição se mesclam em resultados desconcertantes.
Em "Com Meus Olhos de Cão", novela que dá título à coletânea de sua prosa, editada pela Brasiliense, narra o processo de entorpecimento e desligamento do mundo porque passa o personagem Amós Kéres, matemático, poeta. "Matamoros", "A Obscena Senhora D" e "Qadós" são outros exemplos de poetização da prosa em Hilda Hilst.
A temática de seus textos foi, durante muito tempo, o universo imponderável das ações humanas, a inquietude do ser; a morte, Deus, a finitude, a reflexão e a ars poética. Mas o tratamento rigoroso da matéria literária tornou muito densa essa sua literatura - que ao longo de mais de trinta anos de intensa atividade, ficou restrita a uns poucos eleitos. Sua poesia, repleta de indagações metafísicas, acabou conduzindo-a a mergulhos no universo das leituras da física e da filosofia, que toma como apoio em sua busca de respostas sobre a imortalidade da alma. Ela anseia descobrir, mas sem abrir mão da ciência. Foi a preocupação com a sobrevivência da alma que a levou, nos anos 70, a realizar uma série de experiências em Transcomunicação Instrumental, com o intuito de gravar vozes de espíritos. Hilda deixava gravadores ligados por sua chácara (a Casa do Sol) e afirma ter captado vozes pronunciando palavras e fragmentos de frases. Poucos a levaram a sério.
O mesmo não aconteceu na literatura, em que a crítica se rendeu ao refinamento e profundidade de seus textos. Carrega até hoje a fama de escritora dificílima. O livro "Com meus olhos de cão" teve excelente receptividade, mas apesar de tudo seu texto ainda continuava sendo "desgustado" somente por uns poucos eleitos que se permitiam o desafio de entrar na cortina de ferro da literatura de Hilda Hilst.
Louvada pela crítica, admirada por outros escritores (entre eles Lygia Fagundes Telles e Caio Fernando Abreu), mas distanciada do grande público, Hilda queria mais. Inconformada com a repercussão pálida de seus textos, a escritora tomou uma decisão surpreendente: depois que leu pelos jornais que a francesa Regine Deforges, com o açucarado best-seller "A Bicicleta Azul" pôs na bolsa mais de 10 milhões de dólares, não teve dúvida: "Como é que eu, com uma cabeça esplendorosa, não consigo nem me sustentar?". E concebeu "O Caderno Rosa de Lory Lambi", um escrito pornográfico. Hilda estava convicta, achava que deveria escrever de maneira diferente para ganhar dinheiro mesmo: "Textos que todo mundo compreendesse, colocando a problemática do sexo de maneira nova, chula". E foi o que fez. O livro foi lançado e fez sucesso. Hilda, então, escreveu, em pouco mais de dois anos, dois outros livros na mesma linha: "Contos de Escárnio" e "Cartas de um Sedutor".
Conseguiu deixar a crítica em quase pânico mas, boa filha, voltou logo à literatura esplendorosa de sempre. As novelas de Hilda Hilst são, na verdade, rapsódias, cantos em grande forma que constituem uma representação poética do espírito e da realidade. Isto pode ser dito especialmente de "Com meus olhos de cão" - uma narrativa em prosa lírica da angústia e da derrelição, um tema constante em Hilda Hilst.
Em A Obscena Senhora D, por exemplo, num exercício de metalinguagem, o personagem Ehud fala a um outro, Hillé: "Derrelição quer dizer desamparo, abandono e por que me perguntas a cada dia e não reténs, daqui por diante te chamo a senhora D. D de derrelição, ouviu?".
Amor, morte, sonho, sexo, vida agônica. Salvação e perdição, tempo e eternidade, realidade e fantasia, Deus e o homem são os elementos vivenciais que passam sob diferentes roupagens e máscaras ao longo da narrativa descontínua dos textos de HH. São imagens e sons que nos assaltam como sortilégio e como um presságio que destila da linguagem crua.
De imediato percebemos a intenção do estabelecimento de uma nova estrutura de narração, fundada nos desvario. Há uma razão experimentalista, que não nega as suas heranças surrealistas: construções irrefletidas, encadeamentos ilógicos, experimentações formais no âmbito da prosa:
"Hillé, andam estranhando teu jeito de olhar.
Que jeito?
Você sabe.
É que não compreendo.
Não compreende o quê?
Não compreendo o olho, e tento enxergar perto.
Também não compreendo o corpo, essa armadilha, nem a sangrenta lógica dos dias, nem os rostos que me olham nesta vila onde moro, o que é casa, conceitos, o que são as pernas, o que é ir e vir, para onde, Ehud (...)?"
Porém, a natureza e a verdade poética que Hilda Hilst anseia não se situam no jogo formal, nos seus limites, sua atenção verbal extrapola a forma vã, já que: "modo de ser da literatura, historicamente ligada a uma forma chamada verso, a essência da poesia não se revela nem quando a situam ao nível da linguagem metrificada". A poesia é outra coisa. A poesia é Hilda.
Embora menos complexa, sendo uma obra, "consumada" - em que as razões experimentais encontram-se mais ou menos definidas e encontraram forma definitiva - Com meus olhos de cão lembra-nos o "Igitur", de Mallarmé. Mas a indecifração de algum elemento que nela nos inquiete e confunda, porém, estará, via de regra, presa a um sistema coerente de significado constituindo, pois, um código que em uma última instância pode ser interpretado em relativa conformidade com o real, se considerarmos real o delírio, o sonho, a morbidez... O trauma, enfim.
Um mundo sem Hilst...
"Eu sempre me fascinei com o matemático indiano Srinivasa Ramanujan. Ele dizia que para resolver seus intricados teoremas era movido apenas pela beleza das equações.
Na poesia também é assim. É uma espécie de exercício do não-dizer, mas que nos dilata de beleza quando acabamos de ler um poema." (Hilda Hilst)
por Rey Vinas
Hilda Hilst morreu hoje (4/2/2004), de falência múltipla dos órgãos, depois de uma queda em que fraturou o fêmur, me diz a Sônia, atravessada daquela melancolia da perda que se nos abate quando perdemos o rumo, o prumo, o
riso. Os jornais trarão certamente a biografia e alguns poemas de Hilda; dirão da grandeza de seu texto desconcertante, de sua beleza enigmática quando jovem, de sua desistência de quase tudo em favor da literatura, de sua solidão, de sua dezena de cães, de sua bem-comportada loucura, etc.
Por isto preferirei tocar em um outro aspecto de sua vida, um aspecto transversal, digamos, ligado a uma questão incômoda a mim e certamente a todos os que admiravam as inegáveis qualidades da escritora monumental que ela era: se era magnífica a sua escrita, por que tão poucos liam Hilda?
Não é difícil constatar que a liam basicamente escritores e literatos, alguns especializados nesse negócio de texto literário. E temos, malgrado, de constatar que Hilda era a escritora de um "grupo de eleitos", num sentido infelizmente elitista e perverso, resultado de nossa condição de país periférico, dependente e quase que apenas semi-alfabetizado.
Porque para ler Hilda é preciso conhecer minimamente a literatura e seus meandros, ter pelo menos lampejos de erudição (olha lá: não é aquela erudição besta) para perceber, mesmo que intuitivamente, a maestria de sua arquitetura verbal, o poder contagiante de sua linguagem, de seu poema - um desafio quase intransponível a nossa estatística de mais de 50 milhões de
analfabetos (inclua aí, por favor, os analfabetos funcionais, aquela legião que não consegue entender um parágrafo com mais de duas frases) e mais de 40 milhões de brasileiros declaradamente incultos (que não estão nem aí para essa coisa chamada literatura e suas adjacências).
Resumindo: para ler Hilda precisávamos de um povo culto (e alerto mais uma vez que falo aqui não da cultura de perfumaria, voltada à inflação dos egos, mas da cultura como valor espiritual e de sensibilidade). E apesar de nossa
vocação para a beleza, de nossa capacidade inata para o deslumbramento diante dos signos, da fantasia e da surpresa, estamos cada vez mais distantes, como povo, de compreender o valor de uma escritora da dimensão de Hilda.
Estamos por demais ocupados, como nação, em exportar bananas, madeira e roupas de praia, em dar solução paliativa a problemas provisórios - que sem dúvida se tornarão crônicos, porque nos tem faltado o sustentáculo de um país promissor: um povo verdadeiramente educado, uma juventude não superficial, capaz de lidar com linguagens complexas e dotada de sensibilidade.
Mas essa mesma juventude é hoje incapaz de ler Hilda. Com raríssimas exceções, os jovens não a suportariam: não foram preparados para isso.
Lembro-me de que, certa vez, pediram-me que "declamasse" um poema num encontro de bibliotecários em Brasília. Eu "li" dois textos de Hilda que se encontram justamente neste site da Artelivre:
"Enquanto faço o verso, tu decerto vives.
Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue.
Dirás que sangue é o não teres teu ouro
E o poeta te diz: compra o teu tempo.
Contempla o teu viver que corre, escuta
O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo.
Enquanto faço o verso, tu que não me lês
Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.
O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas:
"Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas".
Irmão do meu momento: quando eu morrer
Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo:
MORRE O AMOR DE UM POETA.
E isso é tanto, que o teu ouro não compra,
E tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vasto
Não cabe no meu canto".
e
"Dizeis que tenho vaidades.
E que no vosso entender
Mulheres de pouca idade
Que não se queiram perder
É preciso que não tenham
Tantas e tais veleidades.
Senhor, se a mim me acrescento
Flores e renda, cetins,
Se solto o cabelo ao vento
É bem por vós, não por mim.
Tenho dois olhos contentes
E a boca fresca e rosada.
E a vaidade só consente
Vaidades, se desejada.
E além de vós
Não desejo nada. ". (Trovas de muito amor para um amado senhor)
Estávamos próximos do fim da Era FHC, pelo menos achávamos isso. Ardíamos em esperança por uma sociedade que viria finalmente a ser transformada em função de um novo quadro de valores. E os poemas de Hilda naquele momento
soaram como um estandarte, uma espécie de unção. Um silêncio comovido apoderou-se do auditório e eu percebi, pela primeira vez em toda a minha convivência com aquele texto cerebral, que a mensagem de Hilda havia sido captada intensamente por uma platéia de certa forma comum ou pelo menos não especializada.
E me perguntavam: Quem é essa escritora?
Há décadas meu pai me dizia que nada haverá que possa se opor à aliança entre a competência e a ternura. Hoje eu somaria a esses elementos a espiritualidade. Somente quando realizarmos o projeto dessa trindade nada haverá que nos derrote. E tal como Hilda teremos alcançado alguma forma embrionária de sublimidade.
Homenagens de amigos que conviveram com Hilda:
- por Alvaro: Hilda Hilst
Hilda Hilst caminha branca entre árvores
e seus cães que afagam seus pés
a ela peço perdão
por ter ajudado a matá-la a cada dia
a ela quero neste instante entregar um colar de flores
e colocar na parede de sua casa
todos os retratos de escritores
e de poetas que amou
dela quero essa fotografia que lhe faço
no acaso de uma varanda
com seu pequeno copo de vinho do Porto.
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Álvaro Alves de Faria, in Babel, Escrituras, São Paulo, 2007
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- por Júlio Saraiva: NA MORTE DE HILDA HILST, POETA BRASILEIRA, MINHA AMIGA,
"Quero brincar meus amigos
De ver beleza nas coisas."
Hilda Hilst
sabias a fala dos cães
e escutavas o silêncio dos mortos
por isto proclamaram-te louca
edificaste altares
com o suor das tuas palavras
por isto fizeram-te santa
mas também dividiste teu leito
com deuses demônios e anjos
então proclamaram-te puta
(a puta mais puta)
agora que dormes tranqüila
livre do xale que protegia as costas
talvez te descubram mulher
apenas mulher
como uma estrela pura
saída do fundo
de um diamante raro
Júlio Saraiva (Luso-Poemas)
*pesquisa realizada em sites da internet.
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