Odes Anacreôntocas
II
Em torno de áurea colmeia
Amor adejava um dia;
E a mãozinha introduzindo
Húmidos favos colhia:
Abelha, mais forte que eu,
Porque de Amor não tem medo,
Eis do guloso menino
Castiga o furto num dedo.
Chupando o tenro dedinho
Entra Cupido a chorar;
E ao colo da mãe voando
Do insecto se vai queixar.
Vénus carinhosa, e bela,
Diz, amimando-o no peito:
«Desculpa o que te fizeram
Recordando o que tens feito.
«O ténue ferrão da abelha
Dói menos que teus farpões;
O que ela te fez no dedo
Fazes tu nos corações.»
**************************************************