António Ramos Rosa : Não posso adiar o amor
em 18/09/2007 23:00:00 (16603 leituras)
António Ramos Rosa

Não posso adiar o amor para outro século
Não posso
Ainda que o grito sufoque na garganta
Ainda que o ódio estale e crepite e arda
Sob montanhas cinzentas
E montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
Que é uma arma de dois gumes
Amor e ódio

Não posso adiar
Ainda que a noite pese séculos sobre as costas
E a aurora indecisa demore
Não posso adiar para outro século a minha vida
Nem o meu amor
Nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração


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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/09/2007 05:35  Atualizado: 19/09/2007 05:35
 Re: Não posso adiar o amor
NUNCA SE DEVE ADIAR AQUILO QUE POR TANTO LUTAMOS E TENTAMOS ALCANÇAR.
SE O AMOR LHE BATEU A PORTA O PAROVEITE O GOZE NA SUA PLENITUTE SENDO FELIZ.

Enviado por Tópico
Manuela Fonseca
Publicado: 19/09/2007 09:06  Atualizado: 19/09/2007 09:06
Colaborador
Usuário desde: 13/06/2007
Localidade: Lisboa
Mensagens: 885
 Re: Não posso adiar o amor
Querida Angela,

Não devemos mesmo adiar o nosso coração.

Senti um grito profundo neste teu poema!

Beijinhos da amiga

Manuela***


Enviado por Tópico
AlvaroGiesta
Publicado: 12/06/2009 22:21  Atualizado: 12/06/2009 22:21
Participativo
Usuário desde: 03/03/2009
Localidade: Entre Barreiro e Vila Nova de Foz Côa
Mensagens: 36
 Re: Não posso adiar o amor
Sem pretensões ao que quer que seja, se nos é dado conhecermos poetas consagrados da nossa literatura, sendo este um dos maiores da nossa época contemporânea, se não o maior, não nos podemos ficar, quando os lemos, pelos simples "elogios" a quem os deu a conhecer com comentários vagos e imprecisos.
Este merece-nos, além de admiração, meditação também.
Não fosse ele (seja, porque ainda é vivo) um dos mais difíceis de ler e interpretar.
Ramos Rosa tentou, com a sua poesia elíptica, sem as limitações impostas pela organização sintáctica e uma liberdade poética caracterizada pelo equilíbrio e harmonia, a aproximação entre os elementos antagónicos por intermédio do culto da palavra.
Aqui, bem evidente, entre o grito que sufoca na garganta e o ódio que faz estalar montanhas; entre o tempo e contra o tempo nesta forma de não adiar por mais tempo o amor que suplanta o ódio; os dois pólos antagónicos que distantes se aproximam na forma de ferir, sendo arma de dois gumes; entre a noite secular e a aurora que tarda em despertar, mas desperta finalmente assim como o amor suplanta as indecisões da vida e o grito da liberdade é a resposta onde o sujeito se acolhe.

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