Antero de Quental : Ideal
em 09/09/2007 13:00:00 (10881 leituras)
Antero de Quental

"Aquela, que eu adoro, não é feita

De lírios nem de rosas purpurinas,

Não tem as formas lânguidas, divinas

Da antiga Vénus de cintura estreita...


Não é a circe, cuja mão suspeita

Compõe filtros mortais entre ruínas,

Nem a Amazona, que se agarra às crinas

D'um corcel e combate satisfeita...



A mim pergunto, e não atino

Com o nome que dê a essa visão,

Que ora amostra ora esconde o meu destino...



É como uma miragem, que entrevejo,

Ideal, que nasceu na solidão,

Núvem, sono impalpável do Desejo..."

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