ROMANCE DA LUA LUA
(frevo)
Sobre a frágua veio a lua
com seus babados de renda.
O menino mira, mira.
O menino a está mirando.
No ar súbito, comovido,
a lua move seus braços
e mostra, lúbrica e pura,
os seios de duro estanho.
Foge, lua, lua, lua.
Se viessem os ciganos,
com teu coração fariam
anéis e colares brancos.
Oh, foge lua, lua, lua.
Quando vierem os ciganos,
te acharão sobre a bigorna,
com teus olhinhos fechados.
Foge, lua, lua, lua.
Que já sinto seus cavalos.
Deixa-me, filho, não pises
o meu alvor engomado.
Vinha perto o cavaleiro,
o tambor do chão tocando.
E, dentro da frágua, o menino
tem seus olhinhos fechados.
Pelo oliveiral, bronze e sonho,
eles vinham, os ciganos.
As cabeças para cima
e os olhos sempre-cerrados.
Foge lua, lua, lua,
E dentro da frágua choram,
dando gritos os ciganos.
O ar da noite vela, vela.
O ar da noite está velando.
Ai!! Como canta a coruja,
como canta no galho!
Através do céu, a lua
vai o menino levando
Foge lua, lua, lua.