Guilherme de Almeida : A carta que eu sei de cor
em 05/06/2013 18:18:18 (6271 leituras)
Guilherme de Almeida

E tu me escreves: - "Meu amor, minha saudade!
Há tanto tempo não te vejo: há quasi um dia;
estou tão longe: do outro lado da cidade...
Tive sonhos tão bons esta noite! Vem vê-los:
ainda estão nos meus olhos loucos de alegria.
Sabes? esta manhã cortei os meus cabelos.
Denunciavam-me tanto! E a ti também, meu poeta...
Que alívio! Tenho a sensação de haver cortado
relações com alguma amiguinha indiscreta.
Agora estamos mais a nosso gosto. Agora
o meu gosto será bem menos complicado
Para pôr o chapéu, quando me for embora...
Sinto-me tão feliz! Tive um riso sincero
ao meu espelho: e esse sorriso revelou-me
que o meu único mal é este bem que eu te quero..."
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
E quando chego ao fim da carta, sinto, vejo
que a minha boca toma a forma do teu nome:
a forma que ela tem quando vai dar um beijo...



fonte: 'Era uma vez...' 1922, Casa Mayensa, São Paulo, SP


Imprimir este poema Enviar este poema a um amigo Salvar este poema como PDF
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/12/2015 21:06  Atualizado: 04/12/2015 21:06
 Re: A carta que eu sei de cor
Carta comovente.

Enviado por Tópico
Volena
Publicado: 04/12/2015 22:49  Atualizado: 04/12/2015 22:49
Colaborador
Usuário desde: 10/10/2012
Localidade:
Mensagens: 12485
 Re: A carta que eu sei de cor
Lindíssima, doce e gentil! Vólena

Links patrocinados

Visite também...