Nos dias da radiosa mocidade,
Coroado de ouro, pérolas, rubis,
Não cria em nada nem na Divindade
Que a alma do crente em êxtase bendiz.
Nunca lhe abrira a mão a Caridade
Dos seus anéis o fúlgido matiz.
Jamais iluminara a escuridade
De um lar sem pão, tristíssimo, infeliz.
Mas teve fim um dia essa ventura:
A lepra hedionda, torvo mal sem cura,
Fê-lo o mais desgraçado dos ateus.
E hoje, visão dantesca, réu eterno,
Transpõe em vida os círculos do inferno,
Pedindo esmola pelo amor de Deus...