Minha Poesia
minha poesia não foi educada
na escola de bilac
e nunca será convidada para o chá
dos imortais da academia brasileira de letras
minha poesia anda descalça pelas ruas
do centro velho de são paulo
nenhum tradutor francês perderá seu tempo
debruçado sobre ela
nem será lembrada nos saraus familiares
não a dirão nas escolas
nos dias de festas cívicas depois que a
bandeira nacional onde se lê Ordem e Progresso
for hasteada por uma menina loura
minha poesia sai todos os dias
muito cedo da favela de heliópolis
pega ônibus lotado
desce pela porta da frente sem pagar a passagem
e vai vender balas no cruzamento da brasil com a rebouças
minha poesia é aquela mulher despudorada
que se oferece a qualquer um sem cerimônia
se bobear assalta e é capaz até de matar
minha poesia se alimenta do lixo das palavras
podres proibidas que não cabem na boca
das pessoas de bem e por isso deve ser execrada
de todas as antologias e condenada a trinta anos de silêncio
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Tradução italiana de Manuela Colombo
La mia poesia
la mia poesia non è stata educata
alla scuola di bilac
e non sarà mai invitata al tè
degli immortali dell’accademia brasiliana delle lettere
la mia poesia cammina scalza per le strade
del centro storico di san paolo
nessun traduttore francese perderà il suo tempo
chino su di lei
né sarà ricordata nei simposi familiari
non la reciteranno nelle scuole
nei giorni delle feste comunali dopo che
la bandiera nazionale dove si legge Ordine e Progresso
sarà stata issata da una bambina bionda
la mia poesia esce tutti i giorni
molto presto dalla favela di heliópolis
prende l’autobus affollato
esce dalla porta davanti senza pagare il biglietto
e va a vendere caramelle all’incrocio di viale brasile con rebouças
la mia poesia è quella femmina spudorata
che si offre a chiunque senza cerimonie
se le gira assale ed è anche capace di ammazzare
la mia poesia si alimenta dei rifiuti delle parole
schifezze proibite che non si addicono alla bocca
delle persone per bene e perciò dev’essere bandita
da tutte le antologie e condannata a trent’anni di silenzio
10 de Maio de 2012, enviei ao Júlio, no seu site Currupião, a tradução deste poema.
Fiquei muito feliz em receber a sua resposta:
"prezada manuela colombo, encantou-me a tradução. pedi à minha mulher, cristiane, para localizá-la. gostaria de postar suas traduções aqui, não como comentários apenas. mais uma vez, muito obrigado. j."