Os vazios do homem não sentem nada
do vazio qualquer: do do casaco vazio,
do da saca vazia (que não ficam de pé
quando vazios, ou o homem com vazios);
os vazios do homem sentem a um cheiro
de uma coisa que inchasse j´inchada;;
ou ao que deve sentir, quando cheia,
uma saca: todavia, não qualquer saca.
Os vazios do homem, esse vazio cheio,
não sentem ao que uma saca de tijolos,
uma saca de rebites; nem têm o pulso
que bate numa de sementes, de ovos.
.
Os vazios do homem, ainda que sintam
a uma plenitude (gora mas presença),
contêm nadas, contêm apenas vazios:
o que a esponja, vazia quando plena;
incham do que a esponja, de ar vazio,
e dela copiam certamente a estrutura:
toda em grutas ou em gotas de vazio,
postas em cachos de bolhas, de não-uva.
Esse cheio vazio sente ao que uma saca
mas cheia de esponjas cheias de vazios;
os vazios do homem ou o vazio inchado:
ou o vazio que inchou por estar vazio.
em: 'A Educação pela pedra", ALFAGUARA, Ed.Objetiva, 2008