A luz de Damasco é um grito
Para a ovelha que regressa
A luz de Damasco é um tombar do trigo, um cair
Do grão – cega tanto como os olhos
De um homem perseguido quando se volta
Para nós
A luz de Damasco golpeia. É circuncisão
Que abre, limpa, a luz de Damasco
É dura. Da dureza
Das pedras que um mártir junta com as mãos
Com que empedra o caminho para a morte. A luz
De Damasco é esse lume
Da oração de um mártir ao morrer.
“ Dos Líquidos” Fundação Manuel Leão, Porto, 2000