Depois das queimadas as chuvas
Fazem as plantas vir à tona
Labaredas vegetais e vulcânicas
Verdes como o fogo
Rapidamente descem em crateras concisas
E seiva
E derramam o perfume como lava
E se quiséssemos queimar animais de grande porte
Eles não regressariam. Mas a morte
Das plantas é a sua infância
Nova. Os caules levantam-se
Cheios de crias recentes
Também os corações dos homens ardem
Bebem vinho, leite e água e não apagam
O amor
(“ Explicação das árvores e de outros animais” 1998, Porto, Fundação Manuel Leão )