Pedras não piso, apenas:
- mas as próprias mãos que aqui as colocaram,
o suor das frontes e as palavras antigas.
Ruínas não vejo, apenas:
- mas os mortos que aqui foram guardados,
com suas coragens e seus medos da vida e da morte.
Viver não vivo, apenas:
- mas de amor envolvo esta brisa e esta poeira,
eu também futura poeira noutra brisa.
Pois não sou esta, apenas:
- mas a de cada instante humano,
em todos os tempos que passaram. E até quando?
(Canções. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2005, p. 78-9)