Cora Coralina : Vida e Obra
em 24/03/2009 18:02:35 (80716 leituras)
Cora Coralina

Apresentando mais uma escritora consagrada:

Senhoras e Senhores: Cora Coralina

"Não sei...
se a vida é curta ou longa demais pra nós,
mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe, braço que envolve,
palavra que conforta, silêncio que respeita,
alegria que contagia, lágrima que corre,
olhar que acaricia, desejo que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não
seja nem curta, nem longa demais,
mas que seja intensa, verdadeira,
pura...enquanto durar....“

(Cora Coralina)



Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, nasceu em Vila Boa de Goiás, 20 de agosto de 1889 — faleceu em Goiânia, 10 de abril de 1985, foi uma poetisa brasileira.

Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás.

Filha de Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, desembargador nomeado por D. Pedro II, e de Jacinta Luísa do Couto Brandão, Ana nasceu e foi criada às margens do rio Vermelho, em casa comprada por sua família no século XIX, quando seu avô ainda era uma criança. Estima-se que essa casa foi construída em meados do século XVIII, sendo uma das primeiras construções da antiga Vila Boa de Goiás.

Começou a escrever os seus primeiros textos aos catorze anos de idade, publicando-os nos jornais locais apesar da pouca escolaridade, uma vez que cursou somente as primeiras quatro séries, com Mestra Silvina. Publicou nessa fase o seu primeiro conto, Tragédia na Roça.

Casou-se em 1910 com o advogado Cantídio Tolentino Bretas, com quem se mudou, no ano seguinte, para o interior de São Paulo. Nesse Estado passou quarenta e cinco anos, vivendo inicialmente no interior, nas cidades de Avaré e Jaboticabal, e depois na capital, onde chegou em 1924. Ao chegar à capital, teve que permanecer, algumas semanas, trancada num hotel em frente à Estação da Luz, uma vez que os revolucionários de 1924 pararam a cidade. Em 1930 presenciou Getúlio Vargas chegando à esquina da Rua Direita com a Praça do Patriarca. Um de seus filhos participou da Revolução Constitucionalista de 1932.

Com a morte do marido, Cora ficou ainda com três filhos para acabar de criar. Sem se deixar abater, vendeu livros em São Paulo, mudou-se para Penápolis, no interior do Estado, onde passou a vender lingüiça caseira e banha de porco que ela mesma preparava. Mudou-se em seguida para Andradina, até que, em 1956, retornou para Goiás.
Ao completar cinqüenta anos de idade, a poetisa sofreu uma profunda transformação em seu interior, que definiria mais tarde como a perda do medo. Nesta fase, deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o pseudônimo que escolhera para si muitos anos atrás.

Durante esses anos, Cora não deixou de escrever, produzindo poemas ligados à sua história, à ligação com a cidade em que nascera e ao ambiente em que fora criada.

Os elementos folclóricos que faziam parte do cotidiano de Ana, serviram de inspiração para que aquela frágil mulher se tornasse a dona de uma voz inigualável e, sua poesia atingisse um nível de qualidade literária, jamais alcançado até aí por nenhum outro poeta do Centro-Oeste brasileiro.
Senhora de poderosas palavras, Ana escrevia com simplicidade e, seu desconhecimento acerca das regras da gramática contribuiu para que sua produção artística priorizasse a mensagem ao invés da forma. Preocupada em entender o mundo, no qual estava inserida, e, ainda, compreender o real papel que deveria representar, Ana parte em busca de respostas no seu cotidiano, vivendo cada minuto, na complexa atmosfera da Cidade de Goiás, que permitiu a ela, a descoberta de como a simplicidade pode ser, o melhor caminho para atingir a mais alta riqueza de espírito.

Foi ao ter sua poesia conhecida por Carlos Drummond de Andrade que Ana, já conhecida pelo pseudônimo de Cora Coralina, passou a ser admirada por todo o Brasil.

Seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás, foi publicado pela Editora José Olympio em 1965, quando a poetisa já contabilizava 75 anos. Reúne os poemas que consagraram o estilo da autora e a transformaram em uma das maiores poetisas de Língua Portuguesa do século XX.

Onze anos mais tarde, em 1976, compôs Meu Livro de Cordel. Finalmente, em 1983 lançou Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha (Ed. Global).
Cora Coralina foi eleita intelectual do ano e contemplada com o Prêmio Juca Pato da União Brasileira dos Escritores em 1983. Dois anos mais tarde, veio a falecer.


Livros e outras obras

Estórias da casa velha da ponte
Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais
Meninos verdes (Infantil)
Meu livro de cordel
O tesouro da casa velha
A moeda de ouro que o pato engoliu (Infantil)
Vintém de cobre

Observação:

Segundo informações após contato com Célia Bretas Tahan, jornalista, escritora e neta de Cora Coralina, esta confirmou que todos os poemas inéditos de Cora se encontram em poder de sua mãe, Vicência Bretas Tahan (única filha de Cora ainda viva e autora da biografia romanceada "Cora Coragem Cora Poesia") e o poema vinculado pela mídia "Não Sei" e/ou "Saber Viver" ( = contendo as letras de Não Sei não fazem parte do acervo da referida autora.). A divulgação do apócrifo surgiu, porque junto ao poema veio um acréscimo (de origem desconhecida) do verso sem estar entre as aspas: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina" do poema Exaltação de Aninha (O Professor) de Cora Coralina, in: Vintém de cobre: meias confissões de Aninha, 9. ed., São Paulo: Global, 2007. p. 163-4

Bibliografia

TAHAN, Vicência Bretas. Cora Coragem, Cora Poesia. Global Editora, 1989.
TAHAN, Vicência Bretas. Villa Boa de Goyaz. Global Editora, 2001.
DENÓFRIO, Darcy França. Cora Coralina - Coleção Melhores Poemas - Global Editora, 2004. Darcy Franca Denofrio
DENÓFRIO, Darcy França. Cora Coralina: Celebração da Volta. Cânone Editorial, 2006. Darcy Franca Denofrio


*pesquisa realizada em sites da internet.
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Enviado por Tópico
Fhatima
Publicado: 24/03/2009 22:58  Atualizado: 24/03/2009 22:58
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Mensagens: 3336
 Re: Vida e Obra
Helen de Rose,

É sempre enriquecedor, lêr os textos que traz para acrescentar-mos ao nosso conhecimento.

Beijinhos

Fhatima

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