
CRUELDADE CANINA
Data 10/09/2009 21:19:27 | Tópico: Textos -> Outros
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Dia de churrasco Sol, dia quente, família reunida. A carne ao calor brasido começa a exalar seu cheiro marcante, retirado da magia do fogo. O cachorro, um boxer de mais ou menos dois anos, olhava em completa hipnose aquele teatro gastronômico. A gordura pingando na brasa que crepitava, deixava o pobre cão com as orelhas atentas ao menor barulhinho do carvão regado da luxuriosa gordura. E o espeto envolto no gordo pedaço de picanha, prontamente assado, sai do fogo e vai direto para uma tábua posta à mesa, e seu gourmet sem dó nem piedade fatia a carne macia ainda sangrando para a alegria dos famintos que tecem mil elogios. E tantos eram os dentes que rasgavam com deleite aquela carne perfumada, observados pelo olhar magnetizado do pobre cão. E o atiçado cachorro olhando apaixonado aquele pedaço de carne de uma cor sem descrições, ia ficando com sua boca entreaberta e a saliva grossa descia lambuzando todo seu pescoço, pingando nas suas patas dianteiras. E sua língua num bailado desengonçado, ia tentando conter tanta molhança. Pra completar, seus olhinhos pidões cada vez mais estatelados no vai e vem de espetos, ia pedindo piedade diante de tamanha tortura. De repente alguém reparando no pobre cão faminto esquecido entre as tantas pernas dos convidados e das mesas e demonstrando sua fome tão evidente pela cortina de saliva, grita: - Gente! Tadinho do Rex! O boxer, num gesto labial canino demonstrando um sorriso de felicidade estampada naquela bocarra enorme e cheia de pele como um babado, vê-se salvo, e põe-se de pé começando a balançar seu rabo toco freneticamente dando pulinhos de alegria. O churrasqueiro penalizado vai até a dispensa e pega o pesado pacote de ração sabor carne com legumes e enche a enorme tigela do cachorro, fazendo um automático denguinho, se achando o salvador da pátria... E o pobre Rex, vai humildemente como num gesto obrigado até a vasilha transbordando de ração, olha aquelas bolinhas coloridas parecendo papelão, cheirando sei lá o quê, com gosto de sei lá o quê, vira-se sem dar importância, não come, e fica a babar, quase desidratando, até que comam o ultimo pedaço de picanha....
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