
Na beira da palavra em que me acolho
Data 17/06/2007 22:24:17 | Tópico: Poemas
| Na beira da palavra em que me habito em afluências cíclicas de um mar bravio afundado em embriaguez do mosto, navega aposto, lírico perfil de um rosto Que já não vejo Que já não sei se quero mais lembrar o traço.
Na margem da palavra em que escrevo Cada rima Cada verso Encalha na areia da praia-mar um veleiro Sem bússola Sem carta, sem epístola da marear.
Na borda da sílaba em que emudeço o sonho e adormeço roxa adornada ao sono, reside agora a fonte plena d’um Outono A escoar-se em pranto A escoar-se em sal e sangue, de um livro aberto no canto nono.
Releio e soletro as letras, ora angulosas, ora difusas, que me contam uma epopeia de abandono. Que me falam de desassossego e de tristeza; Que me falam de mares, marés e mareantes; Que ma falam da ausência de calor humano. De perda De dor De dano.
Na beira da palavra em que me acolho, já não moras, não és mais verso, não és mais terço, que ferida, que magoada, te silencio e me amortalho no silêncio desta noite na metamorfose do nada.
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