
Ode ao arrependimento
Data 26/08/2009 02:38:54 | Tópico: Poemas
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Carrega pelas tuas andanças esse peso infame que te açoita a cada dia. Palavra suja da nódoa da velha culpa que pesa aos teus ombros curvos. Desespero maior que te acompanhas comendo-lhe a tua carne fria. Defeito exato que jamais sairá da falsa nitidez destes teus olhos turvos.
Restrinja o sol das tuas janelas e evoque qualquer antiga prece. Retraia-se no canto mais escuro e chore o lamento mor. Engula do sal desse aguaceiro rito de tristeza que padece. Sobreviva pra nunca esqueceres o que foi feito de pior.
Vivas pra saber de todo instante junto à tortura que te espera. Vista-se com os mantos velhos e deite-se no teu calvário escolhido. Foi esta a sina que escolhestes, não pense ser isso uma quimera. É real vivente dor que lhe corta o sustento amargo e sofrido.
Vire-se e olhe para trás, de longe enxergarás ainda a réstia de alegria. Lembrarás daqueles profundos olhos que a ti, amor nunca faltava. Sentirás no peito que nem vida dá ao triste passo que te guia. Sofrerás para sempre a dor de ter perdido aquela que tanto te amava.
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