
DISPARADA
Data 15/08/2009 12:44:29 | Tópico: Poemas
| DISPARADA
Passam por mim em disparada. Oiço-lhes o tropel. Voz muda. As mãos não chegam às rédeas A vontade não serve para nada.
A velocidade das cavalgaduras Atordoa meus olhos. Fere. Ficam no ar os riscos da sua passagem, Manchas que atravessam as ruas.
Onde quer que vá é o atropelo. São belos, vários pelos becos Sob o sol, lua, amor e medo. Não obedecem nada. Desespero.
Deliro em minhas janelas Vendo-os riscar os dias. Assustam-me nas noites Quando passam. Mazelas.
Não encontro um sequer rocinante. São sempre altivos, bravios, indômitos Nada os detém, voam sem pousa Estrebaria. Não lhes sei rumo nem nomes.
Um dia pensei tratar-se de tropilha Que tivessem direção definida Seguindo algum tropeiro ou dono Mas é apenas cavalaria.
Observo a marcha forçada da bestiagem Sem atinar com o sentido das idas e vindas Como circulassem à minha volta em mostra Do seu poder, fúria ou da pelagem.
Atônito, tendo dar sentido à manada Dos anos que passam em disparada Como se fossem cavalos sem brida Todos os dias da minha vida.
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