
«« Não me ouças ««
Data 14/07/2009 13:33:03 | Tópico: Prosas Poéticas
| Não, não me ouças Nem sequer me leias, passa, Corre… Segue o teu percurso leve, sem pensamentos nublados Pela fome, a guerra, o velho que não tem pão A menina que foi obrigada a crescer Virou puta para sobreviver E agora aos filhos o que vai dar de comer… Foge da realidade, veste as vestes da insanidade Embrenha-te no teu mundo do faz de conta… De Cinderelas e príncipes De panelas e caldeirões, muita cor e apertões Já nem falo nas confusões De beijos e muito amor, esquece tudo o resto Não me ouças! O meu mundo não é o teu, não… O meu mundo é só meu, e daqueles que se olham no espelho da realidade Que conseguem dormir todas as noites Apesar… Da guerra, da fome dos beijos e dos abraços, Do mal dizer e dos embaraços, Há… e dos amassos… E das putas a compasso… Nada disso nos passou ao lado, coube tudo no mesmo saco, Dormimos na mesma cama que esse saco E tu, encaixas a máscara da futilidade, talvez um dia acordes Aí vais reparar que o tempo passou, envelheceste, E … Esqueceste de viver, caminhaste num mundo de bem parecer Utilizas-te subterfúgios para inglês ver, foste feliz… Deveras feliz! Uma felicidade construída no nada, faca afiada Que pende sob a tua cabeça Olhas para trás não exististe, apenas subsististe…
Antónia Ruivo
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