
Ode Femonemal
Data 07/07/2009 22:11:32 | Tópico: Poemas
| Cãimbra em sátira Rochedos pontiagudos rasgam a nau Na tormenta do fim dos credos Enquanto a alvorada resplandece detrás de nossos cabelos Um sopro obtuso em lá maior Afinação frágil de nossa organicidade Vivacidade refulgente e uma fúria iconoclasta Fazendo amar o passado e obrar o futuro Máquina humana fazedoura de sonhos ternos Indústria de alegria mambembe sócios anônimos Louvadeus aquele bichinho tão bonito e estranho que lá na China come-se frito apimentado Rastafarái é como se diz hoje em dia.
Tudo nosso e nada nosso E vâmo que vâmo é ou não é?
Na paz da luz violeta Cruz sem pregos Via cruxiz do bailado O xis da questão sempre o nó da ginga Fremem os pés Címbalos altissonantes Ânsias e sãnhas de jejum Fractal de bactérias autodigerintes Magas patalógicas E me esqueçam as patologias Vou seguir ventos de elfos Lançar um Raul na vitrola pra espevitar.
Quanto me ocorre em minhas andanças Sorrisos sorrateiros Tantos doudos passeios Sou lebre libre em boa Cuba Cercado de despotismo trânsfuga Açoite são Vertigem abrupta Ratoeira escondida em fundí francês Belas letras para compensar sentimentos obscuros Sou o gosto amargo do vômito disfarçado pela grosseria do flúor Sou minha merda sagrada em espirais perfeitas mente adentro kundalini afora Sou um calango com sangue de ouro e ossos de ônix negra Sou o sertão a áfrica esfamaida o ódio mordaz pela besta que em nós habita Sou um pranto que escorre fora de controle nos entretempos dos espirros sob o sol Sou a nobre escola do sorrir Onde leciona-se dos craços falhos Que se perderam na ilusão dos sufixos e predicados Que se abandonaram Se esqueceram da magia violentados eternamente pela desnaturalização dos malentendidos sujeitos e objetos.
A vida é um único objeto O universo todo quer dizer E o bocado de vida que tenha dentro dele incluso Isto tudo é um só objeto.
E tudo se encaixa Fazer o quê Se encaixa perfeitamente E bem pra lá do nosso controle Bem mesmo bem pra lá do que queremos chamar de liberdade e arbítrio.
A vida é dura E por isso se tem de ser duro Pra se ser vivo.
Digo sims e nãos por aí E me parece que minhas mãos na verdade pensem por mim.
Digo antes e depois eu tu eles Digo quero deixo luto morro E sei lá que seja isso Senão questões que se deva deixar de lado Pra se ocupar mais de música e amizade Momentos momentos A vida é feita de momentos E é coisa de momento Pois logo passa.
Se sou um grande homem Se minha obra vai morrer com o tilt da internet em doismiledoze ou se vai sobreviver útil através dos séculos do imprevisível Se meus maiores sonhos vão se realizar ou se vou um dia ter certeza disto daquilo ou de qualquer coisa enfim Destes pensamentos ri a vida Ri de mim a vida Dentro de mim ela ri de minha seriedade Vida louca orgástica querendo sair Cérberos irados dando de cabeças contra as grades roendo as correntes até perderem os dentes E pássaros imensos sob as asas negras da imensidão cósmica Ode marota Algo insidioso lá no fundo sorri Quer se fazer entender Perverso vilipendioso Vulcão vivo de entranhas pulsantes Impaciente e também bem hidratado O estômago guerreiro quer zunir de lâminas O coração duelista seco pelo laço da profunda inimizade Que não há parceria compromisso lealdade sem a fera sem a besta mór sem o grande dragão o inimigo comum à gleba.
O grande dragão Faz da humanidade areia Areia estúpida consumindo periféricos de informática.
O grande dragão pós-moderno Liga aspiradores de pó o tempo todo motores imensos troncelhos milhões de coizicas infernais Que não permitem nunca o silêncio Que não permitem nunca a contemplação nirvânica da continuidade do grande inevitável E faz o povo pensar que o tempo está no número E que ser feliz é ser dono proprietário e patrão de todo mundo.
O que foram as gerações passadas Que fizeram de nós cegos estultos Nisso também prefiro não refletir Quero ser a porra forte em mim Quero ser o gozo fértil espesso lustroso Perdoem-me todos os deuses quero mesmo é só música e orgia Com toda higiene espiritual subentendida - Mas honestamente Enquanto jovem Enquanto jovem ciente de minha profunda condição de improdutividade Ciente de minha incapacidade de realmente me devotar à erudição monastérica O que eu quero mesmo é pensar nas crianças do amanhã Que as crianças terminam por ser tudo que nos restou A luz no fim do túnel E a malícia me alegra Tão perfeita e poderosa a vida Que maravilha irretocável duma sagacidade intocável - A via sacra é o prazer Ou quer dizer É pelo orgasmo que se concebe a evolução.
2 de Setembro de 2008, São Paulo.
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