
Poema de um ninguém com Paralisia Cerebral
Data 04/07/2009 20:57:23 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
| Encerrado num corpo velho e já sem vida Contam-se a horas minuciosamente Vê-se a vida escoar por entre os dedos Que não conseguem mexer. As lágrimas que não caiem E a dor; Essa que é pura Como a fé que já se perde…
A esperança torna-se vaga; E vai sendo consumida pela batalha dos anos vazios A vida passa como se fosse eternidade… Ano sobre ano e tudo é estanque!
A raça humana tem dois extremos: Nascer perfeito, Ou nem sequer imaginar nascer! Olhando de um casulo a que apelidamos de: corpo Vemos quem nos ama, Ser gasto pelo tempo incorruptível E enquanto cuida de nós Rasga no rosto um sorriso vago, Enquanto nos olhos se cai a esperança. A vaga esperança depositada No gesto que demora em chegar…
Olhos nos olhos e lê-se o desespero sair! Olhos nos olhos e lê-se o medo penetrar! O sorriso perdura estampado, Como um candeeiro que nunca apaga Num universo longínquo e escuro... O obrigado não sai e as palavras ressoam na cabeça: “Os médicos dizem que um dia irás falar…” Anseia-se a chegada dos dias seguintes; Pois a memórias começa a falhar, E esqueces que as batalhas são diárias;
Tic-tac, tic-tac… E relógio passa os segundos com sabor a anos. Tic-tac, tic-tac… Cai a esperança com a mente. Tic-tac, tic-tac… E no dia de falar diz-se: Obrigado! Tic-tac, tic-tac… E o dia de morrer Passa mais breve que a vida; De quem vendo o relógio andar, sofreu parado… Tic-tac, tic-tac, tic-tac…tic-tac!
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