
VOICES WITHOUT FLOWER AND SUN
Data 04/07/2009 12:58:25 | Tópico: Poemas -> Tristeza
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Sentado em uma das poltronas do meu ego, Perscruto nuvens de breu do passado: Elas são malgas densas E corpulentos guarda-roupas de fel Que se tornam febres de lancinação Do remorso calcinante, cruel!
Então, assim trôpega e amargamente, Ressingro a alameda De meus execráveis erros: Forço-me a ficar ante a torpe face Dos eus nefandos cuja morada Deita na crosta da minha pessoa hipócrita, nefasta!
Ah, e quando os contemplo, Compreendo a real latitude do medo Que impõe um semblante composto Pelo nevoeiro de geleiras, êxtase E sofreguidão por causar infinitos tormentos.
Ah, como quero o perdão E o alento que minhas vítimas não tiveram. Como me confortaria poder construir Uma máquina do tempo Para regressar á época dos meus tenros delitos: Sustar-me a materialização dos atos dantescos Quando, ao penetrar no universo da mente, Afluísse ao reino do córtex, Onde instalaria um vírus Qual pusesse cobro A germinação dos pensamentos Malevolamente insanos.
Infelizmente, não posso retroagir no tempo. Não posso eludir que o remorso irrompa E vire metástase. Não posso. Por isso Me transformo em infrenes cachoeiras de elegia e lamento!
Não tenho direito á flora das manhãs. Não tenho direito á primavera Cujo aroma pulula da concórdia. Não tenho direito ao refrigério Do mental divã que livremente flutua sobre o céu sem agrimensura. Não tenho direito a verdade que repousa Dentro do ventre da ametista Onde se assenta o paraíso do Nirvana.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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