
DOR DE POETA
Data 04/06/2007 23:45:06 | Tópico: Poemas -> Desilusão
| Não! Não quero ser poeta. Minha sensibilidade grita Mas agora isso me irrita. Estou surda e muda. Cansei de ter dores, De fingir amores. Não! Não quero mais acreditar. As noites de insônias Devem ser de parcimônias. Felicidade é coisa da idade E dos santos milagreiros Deixo isso pros boêmios e cachaceiros.
Ser poeta é árduo, é ser incompreendido. Já ouvi que todo poeta é viado, Que tem um nó atravessado E que grita sem ter voz. Que para ser poeta é preciso muito uísque E há quem pense e arrisque Que poeta é ourives, de profissão de dinheiro. Outros pensam que é preciso ser índio, Nativo, negro de sangue ou amar fevereiro.
Ser poeta é ser supremo, É abraçar com as mãos os sonhos E fazer deles o espasmo De uma grande convulsão. É ser só em multidão, É se achar bobo, incompreendido, Falar o que pensa e ser perseguido E mesmo assim prosseguir. Porque para o poeta Deus sopra, As mãos escrevem em horas bem ditas. O poeta ouve, reflete, sente e medita, Escreve o que lhe gritam, Sussurram ou acreditam.
Não! É fardo! Não sou. Não quero. Cansei de fingir. Cansei de sentir.
Não. Tenho mãos de quem é inquieta. Meu peito dói. Dói de dor, dor de quem é poeta.
|
|