
O último poema de Tiago Freitas: O início da Escuridão...
Data 17/06/2009 07:47:56 | Tópico: Poemas
| O último poema de Tiago Freitas: O início da Escuridão...
Escuridão! Eu desisto; Ganhaste! A luta foi devastadora E não tenho mais forças… Eu desisto de tudo; Desisto de ter brilho no olhar, Desisto de tentar sorrir, Desisto de ser eu e tentar viver a realidade! Desisto da vida que nunca pedi…
Como um tumor Tens percorrido todo o meu corpo Agora sei que entraste em mim para ficar. Tentei combater; Mas sem armas ninguém consegue combater! Sem aliados a batalha não faz sentido E a derrota é mais que iminente Sem vontade a batalha é um flagelo E a morte é a única coisa que resta… Tenho o corpo vazio e eu sinto-o Desprovido de amor; Desprovido de alma (se existir); Desprovido de alguém…
Desisto de tentar viver na realidade O meu mundo está cada vez maior É como uma bola de neve Que não se consegue nunca parar… Neste globo onde vivo os dias Rasgo folhas com um pouco de mim As folhas são a minhas emoções Que se acumulam no limiar da esfera E cada folha; Menos ar para respirar; Menos uma cara para ver; Menos realidade para viver…
Desisto de viver a realidade E desisto de amar; Pois sei que em mim possuo demasiados mundos Para serem amados… A sobrevivência será feita numa demanda solitária Num caminho sem ermo e que só eu poderei percorrer… Olho para trás e os rostos apagam-se; As caras de quem amei deixam de sorrir E vão esvanecendo, E vaporando no ar Desaparecendo para sempre! A todos os que deixei um pouco de mim: Não esqueçam esse eu… Pois o caminho agora, Sei que o tenho que fazer só…
Oiço vozes… Milhares de eu’s tão diferentes de mim. Eu’s infinitos… Eu’s que nunca vi, Que não pensei existirem em mim; Eu’s que nunca quis acreditar que existiam em mim. Luto contra todos mas demasiados Todos me atacam E como em todas as batalhas que travei; Eu estou só! Todos me abalroam, todos me sufocam Lutam para me expulsar E eu não sei porquê… Um corpo tão pequeno para tantos eu’s. Talvez ainda seja o único eu Que tem a razão em sim E talvez no fundo um pouco de esperança De viver mais um dia… São muitos e em breve sucumbirei, São demasiados e eu não sobreviverei
E um dia quando o vosso destino cruzar o meu; Lembrem-se: Já não serei mais eu…
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