
BAGAGEM, CREPÚSCULO E O DESCONHECIDO
Data 02/06/2009 12:57:28 | Tópico: Poemas -> Reflexão
|
Tenho cãs nos olhos: A noção de fugacidade da vida Arrebata-me pouco depois que saio Do aminiótico aquário no qual, por meses, residira.
Guardo, dentro das narinas, O eflúvio da fumaça assassina: Meu olhar é tragado Pela viscosa pemeabilidade
Que floresce das vielas Onde mora o desdém á prosperidade dos desvalidos Girassóis: Então, como não conseguissem germinar Tal rebentos da via Láctea da igualitária ascensão,
Encontram, nos afagos Que vicejam da moderna Prole da pólvora, A senda para segurarem o pólen do poder nas mãos.
Entretanto, este curto caminho É insidioso, visceralmente ferino: O êxtase que ele proporciona Cobra o preço do prematuro e imorredouro abismo.
Ah, a sofreguidão e o afinco, Com os quais se entregam estes artífices famintos, Alimentam a fome dos dantescos barões da ignescência Por novos edens da sangrenta opulência!
Trago lágrimas nos olhos: Penso no quão dardejaria A lactente constelação de estrelas Se houvesse escapado da gula do desconhecido que cria a supernova egoísta.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
|
|