
Revolta em nevoeiro cerrado
Data 17/05/2009 09:46:19 | Tópico: Poemas -> Desilusão
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Vegeto em cinzas de desenganos Em lamaçais desertos sem vivalma Espectros sorriem O que me querem? Afasto-me da luz hipnótica Porquanto me cega os olhos e o raciocínio Rodopio em acenos de lubricidade delapidada Fria, dormente em torpor Petrifiquei no espaço e no tempo Em letargia transformada em desamor Corro e grito em campos ocultos no nevoeiro Desconheço o chão que piso Vou tombar certamente num rio convulsivo Ou num precipício descomunal Já não falo a linguagem dos humanos Tornei-me bicho Animal ferido Fera revoltada, Do grupo tresmalhada Isolada do bando Desgarrada da alcateia Simplesmente carta fora do baralho Perdida da manada Fugida do rebanho Apartada da multidão! Elemento fora da ninhada, num assumir fatal Gesto ordinário para um painel de juízes Destruidora de um cordão policial Demolidora de pragas de gafanhotos Arrasadora de colónias de formigas Revolto-me no nevoeiro cerrado Num suicídio amotinar solitário Como se fosse inevitável Morrer no obcecado nevoeiro em calvário!
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