
A cruzada
Data 22/05/2007 22:59:04 | Tópico: Poemas
| Um dia fiz-me rei E corri por aí numa cavalgada sem lei, Deram-me um cognome impronunciável Para marcar o mundo nas patas do meu cavalo... Saí do meu castelo mais altaneiro Que caía à razão de uma pedra por dia Num rolar pela encosta do monte maior Atrás das outras que já tinham descido.
Carreguei sobre gigantes e pequenos Com o braço armado de espada e força, Com o peito inchado de bandeira e pátria E bradei tudo o que tinha Em cima de tudo o que vinha... Fiz-me rei e dono e quis ser imperador... O mundo marcado era pouco para o meu cavalo Que corria de cascos no chão e crina no vento.
Que fosse império, então, Que o reino já me cabia numa mão!
Assim, um outro dia fiz-me imperador E mandei a guerra fazer-se sem mim E mandei construir o maior de todos os palácios (daqueles que não caem nunca) E mandei nascer mais soldados para a minha tropa E mais cavalos para marcar o mundo que faltava E mandei tanto que me esqueci de não mandar...
No fim sem que me apercebesse, sem que mandasse, Sentei-me no trono para descansar E o meu cavalo morreu com falta de mundo.
Valdevinoxis
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