
Angústia
Data 04/04/2009 08:14:33 | Tópico: Poemas
| Nasci. Num dia nebuloso e frio. De neve. E, com o meu nascimento todas as coisas más nasceram.
Não culpo deus (se o há) nem ninguém. Eu sou a própria causa do mal e da totalidade das coisas más também!
Ninguém se aproxime de mim que fica contaminado. Na noite de inverno em que fui parido fecharam-se as portas do céu (se o havia) e abriu-se com estrondo e dor a residência do diabo.
Nenhuma estrela permanecia no céu nesta noite negra, cerrada. Assim hei-de morrer um dia sem luz suicidado pelo tédio que me legou o nada.
Perdoem-me se ao mundo leguei apenas dor e tédio. Queimem-me, já sem préstimo, as ossadas. Nem uma amostra de mim exista depois da minha morte. Tudo desapareça nas minhas cinzas queimadas.
Nenhuma estrela permaneça no céu na noite em que eu morrer também. Nem a noite permaneça sequer. Morra a soma de todo o universo. Deixe de nascer o filho que é gerado no ventre da mãe.
Reduza-se tudo a pó. O presente. A história, o passado. Não haja futuro também. Morra tudo comigo. Apague-se tudo de vez que para bem do universo só lego o Nada a ninguém
do Autor a integrar "do Meu Grito em Revolta"
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