
ARIDEZ
Data 31/03/2009 14:58:10 | Tópico: Prosas Poéticas
| Hoje não tenho nada Nem um marmitex Nem um pau-de-arara Nem uma cadeira-elétrica Nem uma corda atada à perna Para me asfixiar Ou me fazer sentir a Terra Eu a vejo estourando Não pela mão de um garimpeiro Ou pelo cinto de um muçulmano Não é o cigarro ou a cocaína O CO2 e as motocerras Vejo a goela entupida do Velho Chico As glândulas todas inchadas da Guanabara Olha o Mestre Vitalino Moldando mais um menino Que jamais se tornará homem O sol cáustico nordestino O impedirá de crescer Não vai estudar nem namorar Não vai aprender o beabá Maldito o modernismo Que me fez jovem educado Me fez um homem arrogante Velho rude e abastado Com esclerose e reumatismo Buscar o quê no futuro? As escórias do passado? Me cobrem até o pescoço Daqui do fundo do poço Nem o Te Deum do pontífice É capaz de conduzir Minh'alma ao paraíso Se Dante ainda existisse Diria a Bento Dezesseis: _Reza por esta miséria Manda chuva sobre a aridez.
JOEL DE SÁ SP, 31/03/2009.
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