
Unforgetable
Data 11/03/2009 18:05:55 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
| I
Ouve bem o que te escrevo porque ando há tanto tempo a juntar palavras para te dar Como se nelas houvesse algo de precioso ou que não pudesses perder de novo, ainda mais.
Mas tu perdes todas as palavras mesmo as que te caiem no peito soltas e sem maldade repetidas nessa exaustão que as torna vulgares à vista dos amores divididos,
Só porque não são ouvidas sentidas, estimadas, tratadas, consideradas, amadas....
Mas palavras - já to disse - não tiram o sono aos sentimentos que iluminamos em silêncio quando fazemos amor.
Porque nos teus actos de amante do desespero, sobra uma luz que não brilha desviada por estremecimentos de corpos divididos e amachucados onde já não está o teu reflexo, outrora cheio de uma sombra de mim.
Não lamento amor.
Não te deixo tão pouco secar as palavras que tenho para dividir contigo no sussurro que planeamos em segredo. Antes que se peguem à tinta das atitudes arrebatadas que deixam marcas indeléveis e frias de paixão irrepetível e para sempre perdida em gestos de amizade intencionais.
Não quero dar-te apenas palavras Quero também o silêncio do roçar de pele e das respirações misturadas, inesperadas, originais como são os actos de amor que dividimos constantemente.
Será que tenho de continuar a adiar palavras que nunca te direi? E vaguear pelas noites aproximando o desespero de não te ter, com a certeza de te perder?
II
Invade-me a vontade de permanecer nos olhares das mulheres que vomitam, de olhos amarelos e ideias fixas, abandonadas pelo amor que não sei-dar.
A minha caneta secou e escrevo com os contornos da imaginação coisas lentas, sombreadas olhares de maldade que disfarço quando não estou sozinho. Pétalas das rosas e agulhas do pinheiro, o ciclo do carbono.
Percurso, luzes e notas soltas caminhos onde aguardo o sorriso com covinhas, de ver chegar sem controlar a velocidade do carro automático.
O lixo que varro da minha cabeça a rede que não sou,a noite que espero deitado nas horas vazias das tuas ausências, pernas finas, rabo grande, peito lindo, desassossego, mãos feitas para te agitar os seios, imaginação e as mesmas notas soltas de branquear as emoções e mentiras passadas com pontapés de palavras, atiradas no vazio dos corpos na horizontal.
III
Vertical. Agora sou vertical não minto.
Minto, para uma mulher com cheiro, porque adoro cheiros e me perco nos caminhos da tua acidez de palavras e movimentos.
Escuto o teu corpo em silêncio e mexo-me para não o perturbar, desligo o sentir quando estás perto para não ver a luz que o mar solta quando escurece, noctilucas que me seguem na corrente de música, estigmas, percurso energias e tu, quando atiras os olhares e abres a cortina das emoções sob o meu corpo ansioso para adormecer no nosso cansaço.
Ciclo das palavras, sementes, cheiros que se cumprem em cada fonte de água no deserto sem duvidas, onde vives. Ora, eu sou uma dúvida, que gasta as tuas energias, não sabes onde estou e gastas-te a segurar-me para que não pule no vazio onde mãos de unhas pintadas me puxam para os lábios onde mato a sede quando estou só.
World Music Nat King Cole & Natalie Cole
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