
ENTREGO MINHA VIDA
Data 09/03/2009 18:38:58 | Tópico: Poemas -> Desilusão
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Roçando pelas paredes, que, vergonha, me trazem, de uma casa, que, a este momento, de harmonia, compor-se devia, esmurro violentamente o cinzeiro, jogando-me, de encontro ao peito da porta, de meu quarto, que, sossego, não tem nem nunca terá.
Cortando os pulsos, num segredo só meu, líquido escorre, de minhas veias. Já nem com sangue se parece, o que, ao chão, gota a gota, vou deixando, em puro veneno, o que um dia trouxe, para dentro desta casa.
O sacrifício, só a mim pertence, culpado de vícios, que perduraram no tempo, por anos e anos, de preocupações e desgostos, que, para minha tristeza, depois da luta, por mim vencida, como um qualquer vírus maligno, noutro corpo querido, resolveu instalar-se, deixando-me sem armas.
Digno de mim e dos meus, assim queira ser lembrado, nada por mais, me resta, do que aceitar, este derradeiro gesto, entregando, minha vida, com total humildade.
E qualquer mal, que ainda persista, porque há coisas, que não se esquecem, de uma vida inteira, roubada a liberdade e o bem viver, de quem se viu obrigado, a passar, por tudo isso, adquirindo hábitos, para apaziguar a sua dor, e, ao que viu, nova manhã surgirá.
Porque, enfim, justiça se fará, e, eu, ao mais do que merecido castigo, me hei-de sujeitar.
Jorge Humberto 08/03/09
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