
Espiava-se a solidão
Data 11/05/2007 21:07:18 | Tópico: Poemas -> Amor
| Não havia refulgência, nem desbotado Sol Nem luar escondido no ventre altero da Lua Nem sequer no zimbório areal a insipiência galopada. Nem o médão se aquietava em cardos, por fim adormecido. Não havia vontades competentes a erguerem, a cada setentrional madrugada, pálpebras dolentes. Prostradas, submersas na sede cansada d’alma olvidada.
Não mais que esconsa casa, continuamente assombrada, perpetuamente sombria.
Espiava-se a solidão. No sangue branco dos astros Na juba flor que, arrebatada ao caule, capitulava, pisava o chão. Não havia mais que chuvas que se choravam desacompanhadas em voos de aves sem asas.
Nada brotava, nada se enformava.
Por ti se encheu o dia em luz de prata, roubada à Lua. Por ti a noite se embriagou no néctar alaranjado do Sol. Por ti o mar se abraçou à falésia dor, em prantos e risadas. Por ti as dunas são agora capitulares varandas, seios pomos de mulher a florir açucenas, no rir canário d’alvoradas. E as bridas agasalho, veladura branda do suor, dos corpos desfilados em galardões de passados atentos, desgrenhados a cantarem-se nas entranhas e nos braços dos ventos. Em sinos tangidos, no arco-íris dos nossos comuns sentidos.
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