
MINHA INFANCIA NA FAZENDA
Data 02/03/2009 21:30:31 | Tópico: Poemas -> Amor
| Quando nasci a parteira confirmou É homem e vai seguir os passos do pai Fui criado entre vacas leiteiras, cavalos bravos Correndo livre pelo pomar, horta e pastos
Ainda me lembro daqueles dez bois carreiros Um a um escolhidos nos ventres das vacas Todos vermelhos e, como meu pai, tinham estrelas na testa E dez mães leiteiras, dormiam na sombra do abacateiro
A gente brincava e nadava no riacho de águas cristalinas Onde no pé de ipê amarelo, cantava o lindo sabiá E o canto do canário chapinha ecoava no velho grotão E se misturava com o canto do poeta João de barro
Tinha o trabalho de tratar do gado e amar a filha do carroceiro Cortar a cana, limpar o milharal e banhar os cavalos Moer a cana, capinar o canavial e contar as montanhas Entre pastos floridos, vizinhos queridos de belas morenas
Engenho de cana que até hoje põe-se a moer os meus sonhos No pasto da baixada, cavalos e homens dormiam juntos Prá bem cedo subirem a serra dos Madalenas, tão longa serra Que até hoje na minha memória ainda continuam subindo, nunca desceram de lá
Moinho de fubá de milho, tocado pela água da nascente Fazenda de lindos cafezais floridos e lindos arrozais Bravos homens e estradas curvas do Córrego de Ubá Onde até hoje caminho sempre pensando na velha estrada de terra
Lembranças vivas dos pastos floridos e da velha mangueira Do primeiro amor e das primeiras orações, ainda sem crença Das festas dos três santos, todas no mês de junho, santos unidos Velho paiol onde guardo meus sonhos e a saudade do meu pai
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